Ela ministra disciplinas para calouros. ;Quando os alunos chegam aqui eles sabem tudo que diz nos guias de cursos, mas não entendem direito o que significa. Alguns deles já brincaram com um robozinho em algumas escolas. A grande maioria conhece um pouco de programação, mas poucos têm algum conhecimento em robótica;, comenta.
Os que já trazem alguma bagagem vieram de escolas que possibilitaram este acesso. Ela destaca a importância de começar mais cedo. ;Aqueles que já tiveram contato tomam gosto e escolhem o curso. Outros seguem outros caminhos, mas carregam as experiências para aplicar nas áreas e isso vale muito. É uma ótima saída para realizarem a escolha profissional;, afirma.
Professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Antônio Padilha acompanha os trabalhos de robótica na universidade. Segundo ele, a diferença de conhecimento não impede o aprendizado. ;Mesmo com diferentes níveis, encontramos saídas para que cada um construa sua experiência e deslanche. Claro que é melhor pegar um aluno que já sabe bastante coisa porque já parte de um princípio bem maior para desenvolvê-lo;, explica.
Para Padilha, que já trabalhou robótica em escolas, o ensino ;precoce; é enriquecedor para todos poderem desfrutar dos ganhos proporcionados. ;A pessoa que tem esse contato entende as estruturas do equipamento, trabalho em equipe, projetos, a multidisciplinaridade e pode aplicar em todas as áreas que escolher posteriormente. A cidade de Brasília tem que facilitar um pouco mais essa inserção nas escolas;, ressalta.
Ramos de pesquisa
Dentro da UnB quem se interessa por robótica pode ingressar no Laboratório de Automação e Robótica (Lara). Os integrantes têm contato com pesquisas e projetos de robôs desenvolvidos no local. George Bendeiro, 24 anos, se formou no último semestre em mecatrônica e vai começar um mestrado em sistemas eletrônicos e automação. Enquanto estudava, teve a oportunidade de fazer um estágio no exterior na Carnegie Mellon University (CMU), mundialmente reconhecida. A entrada para o curso e experiências serviram para tirar alguns preconceitos.
;Antes mesmo de ingressar na faculdade em 2006, eu achava que tudo aqui era sucateado;, conta Bendeiro. ;Vim para cá e percebi que não é bem assim. Laboratórios como o Lara têm uma estrutura boa para trabalharmos. Claro que sempre há espaço para melhorar, mas comparado com o que eu imaginava é melhor.;
Também integrante do laboratório, Felipe Brandão Cavalcanti, 23 anos, se formou no final do último ano em engenharia elétrica. Agora, vai cursar mestrado em sistemas eletrônicos e automação. ;Desde criança gostei de robôs e coisas que se mexiam. Tive a oportunidade de morar nos Estados Unidos e participar da First Robotics (competição organizada pela Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço Americana ; NASA) pela minha escola e ter uma primeira ideia;, comenta.
Felipe retornou ao Brasil. Terminou o ensino médio e cursou engenharia elétrica. ;Em uma das visitas na faculdade visitei o Lara. Vi que a robótica integra a parte eletrônica de construir e projetar circuito, a mecânica de estrutura metálica, motor, a estrutura física do robô e software. Tudo que eu gosto;, destaca.
Para Carla Koike, falta investimento. ;Os alunos são motivados, a base do curso é boa, mas precisamos de mais financiamento. Quem topa competir pela UnB tem três kits de robô por ano e precisa desmanchá-los para próximos desafios. Falta estrutura e material. Nas competições, você precisa realizar as tarefas de forma precisa e rápida, exigindo perfeição;, diz.
Contato desde a base
Oferecida como atividade extracurricular em escolas particulares do DF, a robótica têm se mostrado importante no desenvolvimento do aluno. ;A participação serve para aqueles que já se interessam ter esse primeiro contato e descobrir se é o que desejam como profissão. Além disso, participantes mesmo que não optem por seguir o curso desenvolvem habilidades em equipe e conhecimentos práticos que podem levar para a profissão que escolher;, explica Ney Vieira, coordenador do ensino fundamental de uma das escolas.
Professor de colégio no Lago Sul, Mauro Azevedo Viana orienta os atuais campeões mundiais da última Robocup, a Copa Internacional de Robótica, realizada na Cidade do México em julho deste ano. A escola direciona os participantes para as competições. Nelas, precisam produzir um robô capaz de andar, ultrapassar obstáculos em um ambiente de um prédio e resgatar uma vítima, na forma de uma latinha de refrigerante.
;Conquistamos o campeonato brasileiro de robótica do ano passado e fomos credenciados para a Robocup, competição internacional, onde fomos campeões;, comemora. ;Mais do que os prêmios, a ideia é despertar o interesses dos alunos em sua área de formação com algo prático e deixá-los com a carreira bem definida. Ao saírem daqui eles já tiveram contato com uma lógica de programação e construção dos robôs. Isso adianta quase todo o primeiro semestre da faculdade. A universidade vai ter o papel de especializar tudo aquilo que ele aprendeu.;
Ele ainda destaca os recursos investidos pelas instituições particulares. ;A escola paga e investe, mas quando, na universidade, temos algo mais complexo e caro, não conseguimos competir com países que contam com estruturas e financiamento maiores. Fazer isso na rede pública, sem investimento, é impossível;, comenta.
Pedro Borges Costa é formado em engenharia elétrica, com passagens pelo Lara, e hoje desenvolve projeto de robótica com alunos de ensino médio em uma escola da Asa Sul. Suas turmas são divididas por dois níveis de conhecimento: básico e avançado.
;Quem entra têm o contato com princípios simples de construção para deixar o robô mais firme e técnicas de programação. A turma avançada resolve problemas. Chego com uma questão nas áreas de programação ou construção eles tem que resolver;, comenta.
Falando como alguém que teve contato tanto do ambiente da universidade e agora nas escolas ele diz que o aprendizado precoce tem suas vantagens. ;Com essa prática ele vai abrir opções em suas escolhas profissionais porque ele vai entender o processo de vários cursos de engenharia, além de programação e contato. Lá não vai ser tudo novo, ele já vai saber usar uma ferramenta ou outra;, diz.
Pré-requisitos
A coordenadora do curso de mecatrônica Carla Koike listou pontos desejáveis para quem deseja seguir o curso:
Conhecimentos bem trabalhos do currículo do segundo grau e assuntos do vestibular.
- Inglês. Praticamente todos os manuais e livros estão nesta língua. É preciso ao menos ler bem.
- Alguns conhecimentos em mecânica, eletrônica e programação. Começar com revistas básicas e, se possível, ir além.
- Motivação, pois todos são desejáveis e não impedem o aluno que ainda não possua uma dessas habilidades desenvolver na universidade.