Jornal Correio Braziliense

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Após ser substituído, juiz de execuções penais mostra irritação com o caso

Depois de perder o comando da ação do mensalão, titular da Vara de Execuções Penais vai ao trabalho e mostra irritação com o caso. Ao longo do dia, ele recebeu solidariedade de magistrados



Isolado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e impedido de manifestar qualquer decisão em relação aos réus do chamado mensalão, o juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP) de Brasília, Ademar de Vasconcelos, trabalhou normalmente ontem. Ele não fala sobre a situação, mas o descontentamento com a atitude de Barbosa é evidente. Quem o conhece bem atesta que, mesmo minado, vai resistir. Questionado sobre o isolamento a que foi submetido, brincou dizendo apenas que continua ;a espinha ereta e o coração tranquilo;.

Na tarde de ontem, o juiz recebeu a visita e a solidariedade de outros magistrados, incluindo ex-titulares da VEP. O Correio presenciou um desses encontros. Na entrada de sua sala, o magistrado respondia sempre com bom humor a qualquer pergunta sobre a condução do mensalão. Ao explicar que não poderia conceder entrevista sobre o assunto, citou a primeira frase do poema Autopsicografia, do poeta português Fernando Pessoa. ;O poeta é um fingidor.; Em seguida, depois de ser questionado se existia algum tipo de constrangimento em relação à atitude de Joaquim Barbosa, soltou outra frase do poeta. ;Navegar é preciso, viver não é preciso.;

A amigos e colegas de profissão, o magistrado tem demonstrado insatisfação em relação à conduta de Barbosa. ;Era preciso arrumar um culpado;, diz a interlocutores quando se refere à entrevista concedida por José Genoino, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, à revista IstoÉ. Após as prisões, passou o fim de semana acordado para analisar todos os casos e revela que sua única preocupação é com os ;pardos e pobres; que superlotam o sistema prisional do Distrito Federal. Há aproximadamente 12,5 mil presos para apenas 6,5 mil vagas.

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