O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar, no início da tarde desta segunda-feira (17/9), o item seis da denúncia do mensalão, que trata sobre corrupção de integrantes de partidos da base aliada, fase em que será avaliado se o esquema de compra de votos realmente ocorreu.
O processo recomeçou com o voto do ministro relator Joaquim Barbosa. Ele afirma que esse será um dos momentos mais longos do julgamento, no qual vários políticos são réus no processo. Nessa etapa, são tratados os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro entre os partidos da base aliada do governo de 2003 a 2004.
É o maior número de réus mencionados ao longo da ação - 23 dos 37 de todo o processo. Barbosa informou que deve demorar pelo menos uma sessão e meia para ler seu voto. Na semana passada, ele reiterou o pedido de realização de sessão extra para que a Corte Suprema conclua esta fase em tempo razoável.
[SAIBAMAIS]Segundo a denúncia, foram distribuídos R$ 4,1 milhões ao PP, R$ 10,8 milhões ao PL (atual PR), R$ 5,5 milhões ao PTB e R$ 200 mil ao PMDB. O MPF informa que o repasse das verbas era feito de diversas formas: por saques dos próprios parlamentares ou seus assessores no Banco Rural, com a ajuda de integrantes do grupo de Marcos Valério, ou por meio de empresas usadas para lavar o dinheiro.
Vários réus confirmam ter recebido dinheiro do esquema do empresário Marcos Valério, porém em menor quantidade que o apontado pela denúncia. A principal linha de defesa é que o dinheiro foi destinado ao pagamento de gastos de campanha após acordos políticos fechados com o PT. Os assessores usados nas operações alegam que não sabiam do esquema criminoso.
Os próximos réus
Confira pessoas ligadas ao núcleo político que serão julgadas a partir desta semana, e as acusações que pesam contra elas no item seis da Ação Penal 470
Anderson Adauto
; Ex-ministro dos Transportes, hoje prefeito reeleito de Uberaba (MG), é acusado de ter recebido R$ 950 mil de Marcos Valério e de ter intermediado apoio político.
Antônio Lamas
; Era assessor do PL na Câmara. Hoje, trabalha como gerente de uma casa lotérica. Foi acusado de intermediar repasses ao PL, mas a PGR pediu a absolvição dele por falta de provas.
Bispo Rodrigues
; Era deputado pelo PL-RJ e vice-presidente do partido. Hoje, é sócio de emissoras de radio e tevê. É acusado de ter recebido propina para votar a favor do governo.
Delúbio Soares
; Apontado como o grande operador financeiro do esquema. Segundo a denúncia, era o elo entre o núcleo político e Marcos Valério. Era tesoureiro do PT e, depois do escândalo, deixou o partido, mas retornou e tem pretensões de se candidatar.
Emerson Palmieri
; Era tesoureiro informal do PTB e diretor da Embratur. Hoje, é fazendeiro. Acusação: ajudou a intermediar a propina em favor do PTB.
Jacinto Lamas
; Ex-tesoureiro do PL, hoje funcionário da Câmara, responde por intermediar repasses ao PL.
João Cláudio Genú
; Era assessor do então deputado José Janene. Hoje, tem empresa de gestão empresarial e consultoria imobiliária É acusado de ter sido o intermediário do Valerioduto para o PP.
José Borba
; Era deputado e líder do PMDB. Hoje é prefeito de Jandaia do Sul (PR). Acusado de ter recebido propina para votar a favor do governo.
José Dirceu
; Ex-ministro-chefe da Casa Civil, apontado como o líder do esquema. Era deputado federal, mas por causa do escândalo do mensalão teve o mandato cassado em 2005. Está inelegível até 2014, mas ainda tem grande influência no PT.
José Genoino
; Ex-presidente do PT e ex-deputado, trabalha como assessor no Ministério da Defesa. Assinou empréstimos com a SMP que o STF já concluiu como simulados. É acusado de ter intermediado acordo com vantagens financeiras com partidos.
Marcos Valério
; É considerado o operador do mensalão. Nas primeiras semanas do julgamento, já foi condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Pedro Corrêa
; Era deputado federal (PP-PE) e presidente do PP. Hoje, ainda integra a direção nacional do partido. Acusação: receber propina em troca de apoio ao governo e lavar dinheiro.
Pedro Henry
; O deputado federal (PP-MT) era líder do partido na época. Acusado de ter recebido dinheiro em troca de apoio ao governo.
Roberto Jefferson
; Delator do esquema do mensalão, era deputado federal e teve o mandato cassado por causa do escândalo, em 2005. Teria recebido R$ 10 milhões para levar o PTB a apoiar o governo. Hoje é presidente nacional do partido.
Romeu Queiroz
; Ex-deputado federal (PTB-MG), hoje é deputado estadual pelo PSB. Acusação: pegou dinheiro para o PTB e para si próprio e ocultou a origem.
Valdemar Costa Neto
; Deputado federal pelo PR-SP, era parlamentar do PL. Acusado de receber dinheiro em troca de apoio político, será julgado por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.