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Lewandowski condena ex-presidente do Banco Rural por lavagem de dinheiro

Em seu voto, o ministro revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, condenou a ré Kátia Rabelo, ex-presidente do Banco Rural, pelo crime de lavagem de dinheiro, que corresponde ao item da quatro da denúncia. Segundo o ministro, ficou evidente que Kátia tinha ciência da ilicitude do dinheiro.



"Ela tinha pleno conhecimento da origem espúria do dinheiro, não só pela posição que ocupava, mas porque participava ativamente do conglomerado que tinha contatos estreitos com as agências comandadas por Marcos Valério", completou.

Antes, depois de um bate-boca entre Joaquim Barbosa e Lewandowski, o revisor votou pela absolvição de Geiza Dias, ex-funcionária da SMP, uma das empresas do publicitário Marcos Valério. Segundo o revisor, Geiza ganhava apenas R$ 1,5 mil, "era uma funcionária subalterna e que só agia por ordem dos outros". Seu advogado sustentou, semanas atrás, que Geiza era uma funcionária "mequetrefe". Segundo o revisor, o Ministério Público "não provou que ela tinha ciência de que estava praticando gestos criminosos.

Antes que Lewandowski desse seu parecer, o relator Joaquim Barbosa pediu que ele fizesse ;o voto de maneira sóbria; e iniciou-se uma discussão. ;Vamos parar com esse jogo de intrigas;, afirmou. O revisor retrucou e disse que ;nunca falaria da forma; como falou Barbosa. ;Estou perplexo com o comportamento de Vossa Excelência;, disse. O revisor também absolveu Ayana Tenório, ex-vice-presidente do Banco Rural, também absolvida por Barbosa.

Os ministros votam, agora, o item quatro da denúncia, que trata do crime de lavagem de dinheiro. O tópico trata da ocultação ou dissimulação da natureza do dinheiro proveniente de crime contra a organização pública. Nele, a Corte analisa crimes cometidos pelas empresas de Marcos Valério, com apoio de dirigentes Banco Rural, para dissimular pagamentos de propinas a políticos em troca de apoio no Congresso.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal (MPF), os réus do núcleo financeiro e do núcleo publicitário se uniram para montar um "sofisticado mecanismo de branqueamento de capitais", que permitia a distribuição de dinheiro do chamado mensalão sem deixar vestígios.

[SAIBAMAIS]O MPF diz que o esquema entre o Banco Rural e o grupo do publicitário Marcos Valério começou ainda em 1998, durante a campanha para o governo de Minas Gerais, o que foi chamado de "mensalão mineiro". O esquema consistia na emissão de cheques pelas empresas do publicitário Marcos Valério para pagar supostos fornecedores, quando, na verdade, os valores iam para as mãos de políticos. Os réus para esse tópico são Marcos Valério, os sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias, que fazem parte do núcleo publicitário.

Do núcleo político, os réus são: Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, ex-diretor da instituição, Vinícius Samarane, atual vice-presidente e Ayanna Tenório, ex-vice-presidente.

O relator Joaquim Barbosa condenou nove dos réus, absolvendo apenas Ayanna tenório. O relator afirmou no plenário que a lavagem de dinheiro foi feita de forma orquestrada "com divisão de tarefas típicas de um grupo criminoso organizado. Para ele, os integrantes do núcleo financeiro, em conluio com os membros do núcleo publicitário, atuaram na simulação de empréstimos bancários.