Depois de um primeiro dia de baixa mobilização diante do julgamento do chamado mensalão, na Praça dos Três Poderes em Brasília, alguns dos mais conhecidos réus do processo já estão atrás das grades. Pelo menos simbolicamente. Um protesto do Movimento sindical contra a corrupção montou espécie de instalação, com cartazes e grades. Figuras como o publicitário Marcos Valério, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu aparecem vestidos com roupas de presidiário.
O protesto não reúne mais que seis manifestantes, mas a instalação fez a festa de fotógrafos. Chama a atenção a ligação histórica dos movimentos sindicais com as bandeiras defendidas pelo partido que teria articulado o esquema de corrupção. Segundo o diretor da Federação de Metalúrgicos da Região Norte, carlos lacerda, esquema semelhante ao mensalão já ocorreu há 20 anos, envolvendo sindicatos no Amazonas e nunca se fez nada.
Além do grupo que colocou Dirceu e companhia atrás das grades fictícias, um lavrador de 63 anos, que viaja há três meses de bicicleta, também faz seu protesto, vestido de palhaço. Nilson Francisco dos Santos veio de Londrina (PR) e conta que não conseguiu ainda se aposentar. Ele também dá entrevistas: "Minha casa é minha bicicleta". No veículo em que Santos viaja, na companhia da vira-lata Princesa, lê-se: "Na mão dos políticos, todos somos palhaços".