A capital brasileira não tem lindas praias, nem tantos anos de vida para apontar traços típicos culturais ou de identidade determinada, Brasília é conhecida em todo mundo pela autêntica e moderna arquitetura, que leva a assinatura de Oscar Niemeyer.
O projeto de Brasília, com seus prédios e monumentos, foi o mais conhecido trabalho do arquiteto que nasceu em 1907, no Rio de Janeiro, filho de Delfina Ribeiro de Almeida e Oscar Niemeyer Soares. O carioca cresceu no bairro de Laranjeiras, onde conheceu Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem se casou aos 21 anos e teve uma filha, Anna Maria.
Depois do casamento, Niemeyer passou a trabalhar na tipografia do pai. O gosto pelo desenho desde pequeno levou o recém casado a entrar para a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1929. A primeira experiência profissional na arquitetura, ainda como estudante, foi no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde trabalhava de graça. O diploma de engenheiro arquiteto veio aos 27 anos.
Em 1938, concorreu em um concurso de projetos para o Pavilhão do Brasil na feira de Nova York. Ficou em segundo lugar, atrás de Lúcio Costa. Quando Lúcio soube do resultado do concurso, procurou o então ministro João Carlos Vital para que os dois pudessem elaborar juntos o projeto final do pavilhão.
A ousadia de projetar uma beleza inesperada estava presente na carreira de Niemeyer desde cedo. No início dos anos 40, projetou o curvilíneo conjunto da Pampulha em Belo Horizonte, a convite do então prefeito da capital mineira, Juscelino Kubitschek.
Em 1945, entrou para o Partido Comunista Brasileiro. Dois anos depois, estava em Nova York como membro do Comitê Internacional de Arquitetos com a missão de elaborar o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1950, também em Nova York, foi lançado o livro The Work of Oscar Niemeyer, escrito por Stamo Papadaki. Era a primeira publicação sistemática sobre a obra de Niemeyer.
A primeira viagem do arquiteto à Europa aconteceu em 1954, quando visitou Itália, Portugal, Alemanha, França, República Tcheca e a antiga União Soviética. Em 1955, fundou e dirigiu a revista Módulo, junto com outros três colegas. A revista de arte e arquitetura circulou mensalmente durante dez anos, até ser interrompida pelo governo militar.
Em 1956, veio o convite mais marcante do arquiteto. O então presidente da república JK chama Niemeyer para projetar a nova capital do Brasil. Os primeiros projetos para Brasília foram feitos no Rio, mas em 1958, com as obras em andamento, Niemeyer muda-se para o Planalto Central. Na ocasião, Niemeyer era diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap).
Oscar Niemeyer também fez parte da história da Universidade de Brasília (UnB). Não apenas ao projetar os principais edifícios da instituição, mas como parte da primeira leva de professores incorporados à UnB pelo ideal de educação de Darcy Ribeiro. Em 1962, Niemeyer era coordenador da Escola de Arquitetura da Universidade.
Em 1963, ganhou da União Soviética o prêmio Lênin da Paz. Já em 1964, enquanto estava em uma viagem a trabalho por Israel, o que recebeu não foi nenhuma premiação, mas a notícia de que havia ocorrido um golpe militar no Brasil. Neste mesmo ano, a UnB sofre intervenções políticas promovidas pelos militares, o que provoca uma demissão em massa dos professores, em ato de protesto. Niemeyer estava entre os 200 docentes da UnB que se demitiram.
Em 1967, o projeto do aeroporto de Brasília é embargado e com os clientes desaparecendo, Niemeyer decide mudar-se para Paris. O arquiteto fica morando na capital francesa por anos, onde abre um escritório e consegue clientes do mundo inteiro. Durante esse tempo, também realiza projetos em outros países, como a Universidade de Constantine projetada em 1968 na Argélia e a Editora Mondadori, na Itália.
Convicto de sua posição política, sempre fiel ao comunismo, em 1978 Niemeyer funda o Centro Brasil Democrático (Cebrade), junto a um grupo de intelectuais e políticos. A ideia era formar uma organização não partidária, que atuasse no combate à ditadura no Brasil em meio à clandestinidade.
Niemeyer retorna ao Brasil já em intensa atividade no começo dos anos 80, com o início da abertura política do governo João Figueiredo. A Passarela do Samba (Sambódromo) e o conjunto de escolas pré-fabricadas (CIEPs), projetadas em 1983 no Rio de Janeiro, se destacam entre as obras desse período de retorno.
Em 1988, é criada a Fundação Oscar Niemeyer a fim de preservar o acervo de aproximadamente 500 trabalhos do arquiteto. E em 2002 é inaugurado o complexo que abriga o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. O Museu preza por uma arquitetura moderna e é popularmente chamado de Museu do Olho ou Olho do Niemeyer.
Em 2004, morre a primeira esposa do arquiteto, Annita Niemeyer, no Rio de Janeiro. Encerra-se um casamento de 76 anos. Oscar casa-se com Vera Lúcia G. em 2006.
Em 2007, Oscar Niemeyer completa 100 anos e é homenageado por todo o país, com eventos e exposições. A vida de Oscar Niemeyer não inclui apenas projetos e exposições arquitetônicos, que já foram muitos. Os mais de 100 anos vividos contaram com experiências como professor, escritor de livros de memória e ficção (As curvas do tempo, 1998 e Diante do nada, 1999), diretor de revista e presidente de organizações políticas, todas exercidas como um sonhador, que se empolga com cada novo desafio.
Em 2008, é lançada a revista Nosso Caminho. Nela, são abordados assuntos de arquitetura, arte e cultura sob a direção de Oscar Niemeyer e Vera Lúcia G.
Em junho de 2012 Niemeyer perde a única filha, Anna Maria, que morreu em consequência de enfisema pulmonar aos 82 anos.