Os habitantes das Ilhas Malvinas, arquipélago que o Reino Unido chama de Falklands, votaram este mês a favor de continuar a ser um Território Ultramarítmo Britânico, em um referendo que não foi reconhecido pela Argentina.
Localizadas a 400km da costa argentina e a 12.700 km de Londres, as Malvinas estão sob controle britânico desde 1833.O governo argentino considera que os malvinenses são uma população implantada desde que o Reino Unido tomou o controle em 1833 deste arquipélago do Atlântico Sul.
Após a guerra travada pelos dois países pelas ilhas em 1982, que terminou com a morte de 649 argentinos e 255 britânicos, a Argentina reclama a soberania e pede respeito às resoluções da ONU que desde 1965 chamam as partes ao diálogo.Mas a Grã Bretanha rejeita qualquer diálogo, insistindo no direito de autodeterminação dos habitantes.
A iniciativa de Kirchner em falar do tema surpreendeu a todos na véspera da entronização do primeiro papa sul-americano.Por sua vez, o Vaticano não difundiu nenhum comunicado sobre o encontro entre Kirchner e o novo papa. O porta-voz da Santa Sé se limitou a citar uma reunião "muito informal" de 15 a 20 minutos "em privado". Um papa "sereno, seguro, em paz"
Francisco e Kirchner mantiveram um diálogo "frutífero", na Casa Santa Marta, residência provisória do papa, explicou a presidente argentina. "Vi um homem sereno, seguro, em paz", disse Kirchner, "surpresa e agradecida" por ter sido convidada para almoçar com Francisco, "nosso papa, não só porque é argentino, mas por ser o papa de todos aqueles que compartilham a fé católica".
O pontífice lhe deu uma rosa branca, "um presente íntimo, quase pessoal", declarou Kirchner, que ofereceu uma cuia de chimarrão feita por cooperativistas argentinos e um poncho "para que se proteja do frio".
Kirchner e o até a última quarta-feira arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio mantêm relações tensas e espera-se que este encontro sirva para aproximar as duas partes. As divergências entre ambos começaram durante a presidência de seu marido, o falecido Néstor Kirchner, que não apreciava as críticas nas homilias do então arcebispo, que denunciava com frequência o escândalo da pobreza ou o flagelo da droga e do crime na Argentina.
Néstor Kirchner chegou a classificar Bergoglio de "verdadeiro líder da oposição". A relação ficou ainda mais tensa com a legalização, em 2010, do casamento homossexual na Argentina.