Surpresa
A eleição do argentino contrariou todas as previsões dos vaticanistas e especialistas, que apostavam no italiano Angelo Scola, no brasileiro Odilo Scherer ou no canadense Marc Ouellet. "A surpresa de Francisco", destaca na primeira página o jornal Corriere della Sera, resumindo o sentimento das autoridades políticas e religiosas de todo o mundo, que receberam com surpresa e satisfação a eleição do novo Papa. Na Argentina, no entanto, a imprensa também questiona seu papel durante a ditadura militar no país (1976-1983).
Realismo e doutrina
"É um pastor de doutrina sólida e realismo concreto", ressaltou o vaticanista Sandro Magister, que recorda que ele sempre manteve "uma boa distância" da Cúria, o governo da Igreja do qual foi rival há oito anos. "A vitória do Novo Mundo", destacou Marco Politi, outro prestigioso vaticanista, sobre o novo Papa, o primeiro não europeu em 13 séculos.
Nunca antes um jesuíta havia assumido o comando da Igreja. O nome Francisco também é inédito. "Acredito que, antes de mais nada, é uma referência a Francisco de Assis, com esta ideia de que o Papa está ligado aos mais pobres e aos mais humildes", disse à AFP o vaticanista Bruno Bartoloni.
Considerado um conservador na doutrina, mas progressista na área social, Francisco iniciou o papado com um gesto inédito na Praça de São Pedro, onde pediu primeiro a bênção do povo antes de abençoar os fiéis.
Agenda
Nos primeiros dias de pontificado, o Papa terá uma agenda muito carregada. Após a missa com os cardeais nesta quinta-feira, na sexta-feira receberá todo o colégio cardinalício na Sala Clementina no Vaticano e no sábado se reunirá com jornalistas. No domingo pronunciará o tradicional Angelus de seu quarto papal. Também pretende visitar nos próximos dias o Papa emérito Bento XVI.
A missa de entronização, que deve contar com a presença de líderes e personalidades de todo o mundo, acontecerá na próxima terça-feira 19, dia de São José, patrono da Igreja.
Momento histórico
Com esta eleição terminam quatro semanas agitadas na história moderna da Igreja, após a renúncia inesperada de Bento XVI, que alegou "falta de forças", um fato sem precedentes nos últimos sete séculos. O novo pontífice deverá responder aos escândalos que explodiram durante o último pontificado, como o dos abusos sexuais de menores ou o caso "VatiLeaks", o vazamento de documentos confidenciais do pontífice.