Jornal Correio Braziliense

Novo Papa

Cardeal italiano diz ouvir Amy Winehouse para entender problemas dos jovens

Fã de rock, Gianfranco Ravasi pode ser opção para aproximar Vaticano da juventude



Como demonstração desta atenção em direção à arte e à cultura moderna, Ravasi concedeu em 2009 o "Prêmio Robert Bresson" do Festival de Veneza ao diretor brasileiro Walter Salles, por seu cinema de qualidade.

O vaticanista John Allen costuma apresentá-lo como uma espécie de combinação entre Bento XVI e Carlo Maria Martini, o lendário cardeal de Milão símbolo do catolicismo progressista italiano, falecido em agosto de 2012.

[SAIBAMAIS]Recentemente, o cardeal confessou que ouve as canções melancólicas de Amy Winehouse para entender os problemas universais dos jovens de hoje.

"Temos que ouvir mais suas questões. Nós, os adultos, de gerações anteriores, pastores, devemos (...) começar a sentir um pouco como batem seus corações e mentes", afirmou.

O ex-diretor da Biblioteca Ambriosana de Milão, um monumento à civilização ocidental, fundada há quatro séculos e que contém o Código Atlântico de Leonardo da Vinci, surpreendeu em um congresso quando afirmou que "Charles Darwin e a Bíblia são compatíveis".

Extrovertido, alegre e com boa saúde, Ravasi foi o escolhido por Bento XVI para presidir as meditações de sua última semana de retiros espirituais como pontífice.

Uma decisão, um gesto, uma mensagem que o Papa que renunciou deixou aos prelados de todo o mundo.

As orações de Ravasi foram transmitidas por podcast pela Rádio Vaticano e ele enviou twites em inglês e italiano.

No entanto, o fato de ser italiano e de não contar com experiência pastoral pode pesar negativamente no momento do conclave.

Especialista na Bíblia, o cardeal Ravasi não teme enfrentar a imprensa e costuma seduzir com sua facilidade de discurso e com sua erudição, impregnada de leituras, boa literatura e cinema.

Poliglota, nos últimos anos viajou pelo mundo para uma série de encontros com fiéis e não fiéis.

"Tenho muitos amigos não crentes", confessou recentemente em uma entrevista a uma revista católica italiana.

Filho de um funcionário do Tesouro que desertou por ódio ao fascismo e de uma mãe professora, forma parte da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja e da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sagrada.