Jornal Correio Braziliense

Natal 2013

Entenda o significado dos símbolos do Natal

Representantes de algumas religiões falam sobre os enfeites típicos dessa ocasião, como presépios, luzes, bolas e árvores. Todos trazem como pano de fundo a mensagem sobre o resgate de valores muitas vezes esquecidos durante todo o ano

Crenças e doutrinas contam, à sua maneira, a história do Natal. Mas se há algo que permeia todas elas é o fato de a ocasião representar o momento de renovação, ou seja, de avaliar os erros e acertos ao fim de um ciclo. Dessa forma, a reflexão instiga, muitas vezes, o resgate ou o reforço de valores que ficaram dispersos ao longo dos meses que se passaram. Seja por meio de símbolos propriamente ditos, como as luzes, presépios e até mesmo os presentes, seja por meio de leituras feitas sobre os episódios bíblicos, esse é um período de emoção geral.

O deleite visual é a marca do período de festas, uma vez que a beleza também serve como ferramenta para aproximar as pessoas dos ensinamentos religiosos. Nesta concepção, a manifestação de algo superior ao ser humano se faz em recursos mais acessíveis à percepção humana, como visão, tato e paladar. Não à toa, investe-se em decoração, refeições bem servidas e vestuário. Por trás de cada material, há um significado.

A árvore de Natal, por exemplo, é mais do que um ornamento colocado em casas e comércios. As cores, o brilho e os elementos que lhe dão forma são como uma carta de intenções. Nos galhos, ficam pendurados os desejos de um novo ano que renda bons e belos frutos. É esse o significado das bolas brilhantes e de cores diversas. Os sinos, por sua vez, anunciam a chegada dos novos tempos e, com eles, as mudanças que se encaminham. Como se trata de um tempo de gala ; o nascimento do filho de Deus para as correntes cristãs ;, o dourado e o prata salpicam a visão em tecidos e fitas. Assim como o manto dos Reis Magos, a malharia é refinada ; tule, cetim, veludo ; para lembrar a nobreza do momento.

Na base da árvore, ficam os presentes, que representam amor e desprendimento em relação ao próximo, segundo o padre José Emerson Cabral, da Arquidiocese de Brasília. ;Não é só uma forma de agradar às pessoas queridas, mas de externar algo que já existe internamente;, explica. Tal ideia é reforçada por meio da figura do Papai Noel que, de acordo com a tradição, é quem traz os regalos a todos, em todas as residências. Mesmo não sendo um personagem bíblico, o homem de barba branca e roupa vermelha, que faz a alegria da criançada, indica o carinho em sua forma genuína. ;Entendemos o Bom Velhinho como a capacidade de a pessoa se doar e fazer o bem a quem está à sua volta;, afirma o religioso. Neste caminho, não se deve pegar o atalho do consumismo, diz o padre. ;Percebemos uma interferência da mentalidade consumista, que privilegia a preocupação material;, acrescenta.

Claridade

Os inúmeros pontos de luz mostram que a alma e as emoções das pessoas também estão mais claras. O tempo de luz contagia a quem anda pelas ruas e chama a atenção de quem está imerso na correria típica de dezembro. A eles se junta outro recurso bastante comum e apreciado: os presépios. Eles retomam o momento do nascimento de Jesus Cristo e toda a celebração envolvida. Há que se destacar a simplicidade da cena original, explica o padre José Cabral. ;O presépio indica o nascimento de Cristo na simplicidade, valor que devemos perseguir durante toda a vida;, diz.

[SAIBAMAIS]

O significado que desenha o presépio coincide com os valores pregados pela religião evangélica. É o caso da valorização da família, núcleo primordial da sociedade, segundo o pastor Josimar Francisco da Silva. ;A família estruturada é a célula-mestra da humanidade. Se ela se desestrutura, o mundo também se desorganiza;, alerta. Por isso, o líder religioso destaca a importância de se permitir a reconciliação. ;Natal é uma hora de se reconciliar, de resolver as diferenças no seio da família para que ela se consolide. Nosso exercício é no sentido de perdoar, de aceitar o próximo;, conta. O grande desafio é manter o compromisso firmado no Natal durante todo o ano que se segue, na opinião do presidente da Federação Espírita do DF (FED-DF), Paulo Maia. ;É um momento de se esforçar para que Jesus esteja em nossas cogitações, em nossas ações e reações, para que possamos criar condições para o bem prevalecer no mundo. Que possamos encontrar o Cristo em nossos semelhantes não somente no momento da prática no templo religioso, mas durante todos os momentos do dia a dia, onde quer que estejamos. Além disso, que busquemos coerência entre a mensagem de Jesus e nossa vida diária;, destaca.