Jornal Correio Braziliense

Jornada Mundial da Juventude

Papa Francisco multiplica reuniões com jovens e conversa com presos

Com frio incomum no Rio, 1,5 milhão de pessoas aclamaram o primeiro papa latino-americano da história na quinta-feira na praia de Copacabana

Rio de Janeiro - O papa Francisco realiza nesta sexta-feira (26/7) no Rio de Janeiro uma maratona de reuniões: ouve confissões de alguns jovens, almoça com outros, se reúne com jovens presos e retorna a Copacabana durante a noite para uma representação da Via Crucis onde são esperadas mais de um milhão de pessoas. Desafiando a chuva e um frio incomum no Rio, 1,5 milhão de pessoas aclamaram o primeiro papa latino-americano da história na quinta-feira (25/7) na praia de Copacabana, onde deu as boas-vindas aos peregrinos que participam da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).


Esta intensa sexta-feira (26) para o chamado "papa do povo", de 76 anos, começa com a confissão de cinco jovens que falam italiano, espanhol e português na Quinta da Boa Vista, seguindo uma tradição iniciada por seu antecessor, Bento XVI, no âmbito da JMJ. A confissão - a reconciliação com Deus - é um destaque do pontificado de Francisco, que se mostrou acessível em sua primeira viagem à região onde nasceu e viveu por quase toda a vida, se aproximando do povo e aceitando até um mate dado por um peregrino enquanto se deslocava de papamóvel.

Reunião privada com presos

O papa argentino, que convocou os jovens a "entrar na revolução da fé" e advertiu que as coisas materiais e o poder "nos levam a querer ter cada vez mais, a nunca estar satisfeitos", almoçará com 12 peregrinos da JMJ dos cinco continentes. Em particular, longe das câmeras, cinco prisioneiros também serão recebidos pelo Papa no Palácio de São Joaquim, residência do arcebispo do Rio. Na quarta-feira (24/7), o pontífice, que prega o contato com o povo e a defesa dos mais pobres, se reuniu com viciados em drogas em um centro de reabilitação que inaugurou em um hospital franciscano.

[SAIBAMAIS]Na quinta-feira (25) caminhou pelas ruas da favela de Varginha, onde visitou uma família e pediu mais inclusão social para os pobres, além de apelar para que não se desanimem com a corrupção, após as recentes manifestações que sacudiram o Brasil. "Francisco é o papa da periferia e nos ensina a ver aqueles que estão na periferia de nosso coração. É o Francisco dos novos tempos e o que falta para a Igreja", disse à AFP uma freira brasileira de 38 anos que quis se identificar apenas como Gabriela, e que foi vê-lo em Copacabana. A América Latina é a região com mais católicos do mundo, mais de 40% do total, mas perde fiéis há 30 anos, enquanto crescem as igrejas pentecostais e o laicismo.

"Uma energia incrível"

Durante a noite, Francisco voltará a se deslocar de papamóvel descoberto pela praia de Copacabana, até chegar à representação das 14 estações da Via Crucis, adaptadas a temas como as redes sociais, as drogas, a religiosidade, a defesa da vida e os doentes terminais. Em cada estação uma pessoa falará, entre elas um missionário, um ex-viciado e uma religiosa que luta contra o aborto. O papa pronunciará posteriormente um discurso diante de um mar de gente que estima-se que voltará a superar um milhão de pessoas.

"O papa mostra durante esta viagem, assim como em Roma, uma energia incrível. Não aproveita nem mesmo os momentos nos quais podia descansar! Está sempre em ação", disse o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi. "Veremos até que ponto conseguimos segui-lo e até quando conservará este nível de energia", acrescentou brincando.

Devido à chuva, a programação da JMJ dos próximos dias foi modificada: a peregrinação de 13 km prevista para sábado foi cancelada, assim como uma vigília na noite de sábado no Campo da Fé, um terreno de 300 hectares em Guaratiba que ficou cheio de barro e poças d;água. Em vez da vigília, será realizada uma oração em Copacabana na noite de sábado que também contará com a presença do pontífice.

A missa de encerramento da JMJ, também prevista para Guaratiba, foi transferida para a praia de Copacabana. Desde janeiro, centenas de operários trabalhavam na construção de um enorme e caro altar circular com centenas de colunas no Campo da Fé que se converterá em um "elefante branco".