Rio de Janeiro - A rotina de cerca de 106 mil pessoas que, diariamente, usam barcas para se locomover entre a capital fluminense e Niterói, foi alterada com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Na manhã desta terça-feira (23/7), durante a travessia de aproximadamente 20 minutos, geralmente silenciosa, a bela paisagem da Baía de Guanabara ganhou mais destaque e alegria, com centenas de jovens peregrinos, hospedados em Niterói por famílias voluntárias ou em escolas católicas da cidade, que rumavam ao Rio para os eventos da jornada.
Moradora de Niterói, a secretária, Maria Auxiliadora, que usa a barca todos os dias para ir trabalhar, disse que os jovens têm sido uma atração na viagem. ;Desde ontem está assim, tanto na ida quanto na volta. Quando um grupo para de cantar, outro começa. Quando não estão cantando e dançando, ficam brincando um com o outro. Muita animação mesmo;, comentou ela.
[SAIBAMAIS]Francisca Garrido, do Chile, conta que desde sexta-feira, quando chegou a Niterói com um grupo, têm feito a travessia para o Rio de barca todos os dias. ;Dançamos, cantamos, tiramos fotos, pura diversão. Já conhecemos gente do Vietnã, México, Egito, da Colômbia, do Brasil. E todos nos comunicamos como dá: portunhol, inglês, com as mãos. O intercâmbio cultural também tem sido o mais incrível.;
Como fala português e espanhol, Álvaro Grau, 28 anos, é um dos intérpretes do grupo de 160 paraguaios que vieram para a jornada. ;A maioria não fala português, mas temos guias e sempre tem gente que fala espanhol ou portunhol. O importante é que tudo muito descontraído;, disse o jovem.
Ronald Moreno, 19 anos, veio da Venezuela há uma semana com um grupo de 39 jovens e em sua primeira visita ao Brasil disse estar esforçando-se para se fazer entender. ;Já estou dominando o portunhol, o idioma oficial da jornada;, brincou. ;Até irmos embora estarei falando muito bom (sic);.
Em sua quarta jornada, Elsa Diaz, 34, veio ao Brasil pela primeira vez como responsável pelo grupo venezuelano. ;Já estive em Roma, no Canadá e na Alemanha. Cada jornada tem seu toque especial e a do Rio até agora é a alegria, sem dúvida;, opinou.
Para a franco-canadense Katrin Garneau, 17 anos, a comunicação com os peregrinos de outros países tem sido bem mais complexa. Por não falar nada de português ou espanhol, o inglês tem sido a opção na hora de fazer amigos. ;E também com mímica;, contou, dizendo-se encantada com a cidade.
Hospedada com um grupo de 46 pessoas em um colégio católico de Niterói, a chilena Valentina Carrasco, 17 anos, chegou no fim de semana, mas já aprendeu curiosidades idiomáticas. ;Descobri que o nome do nosso baile nacional [dança típica chilena] significa roupa íntima masculina em português [cueca];, disse entre risos.
A inglesa Mia Read, 17 anos, disse que embora não entenda nada do que os brasileiros digam, gosta da atmosfera do país e ainda quer aprender a sambar antes de ir embora. ;Até dançamos um pouquinho na barca, foi bem divertido;, comentou ela que ficará com 11, por mais duas semanas em Niterói, fazendo trabalhos sociais.
O estudante Guilherme Felipe Primo Machado, 17 anos, veio de Lins, interior de São Paulo, e está hospedado em casa de família com mais dez conterrâneos. Para ele a troca de experiência com jovens de outros países tem sido o melhor da jornada. ;É muito engraçado. A gente tentando falar com eles, eles tentando entender e responder. Está sendo incrível conhecer gente de outras culturas;.