Rodrigo Craveiro
postado em 22/11/2013 07:38
Quando John F. Kennedy ascendeu ao poder, em 20 de janeiro de 1961, Juscelino Kubitschek estava prestes a entregar o cargo ao sucessor, Jânio Quadros. Começava uma relação de desconfiança entre a Casa Branca e o Planalto, fomentada pela influência do ideário marxista na América Latina. Brasilianistas ouvidos pelo Correio afirmam que JFK temia que o maior país do Hemisfério Sul servisse de base para reverberar os princípios comunistas por toda a região e admitem a participação do presidente dos EUA no golpe que derrubaria João Goulart (Jango) em 1964. Para impedir que a Revolução Cubana se espalhasse, JFK lançou o programa Aliança pelo Progresso, inspirado na Iniciativa Panamericana, projeto de Juscelino que visava reduzir lacunas de desenvolvimento entre as Américas do Sul e do Norte.[SAIBAMAIS];O Brasil era o maior medo (de Kennedy);, diz James N. Green, professor de história e cultura brasileira pela Brown University (em Rhode Island). Ele lembra que, na década de 1960, o New York Times denunciou a formação de ;exércitos de camponeses; no Nordeste brasileiro. Durante o governo Kennedy, o Brasil se tornou o maior depositário de ajuda econômica, policial e militar dos EUA. Para Green, o gesto de ;boa vontade; pretendia podar as raízes do comunismo, que se infiltravam no campo e nas cidades brasileiras.
Os sete meses de presidência de Jânio Quadros teriam sido desastrosos para Kennedy. O brasileiro não escondia a simpatia pelo ditador cubano, Fidel Castro, e expressou apoio público ao regime castrista durante a invasão à Baía dos Porcos, um fiasco do governo JFK. ;O episódio azedou as relações bilaterais, que continuaram a deteriorar-se à medida que Quadros e o sucessor, Goulart, cortejavam a União Soviética e a China;, lembra Peter Hakim, presidente emérito do grupo de pensadores Diálogo Interamericano (Washington). ;O Brasil era visto como um incômodo.;
Green admite que Kennedy considerava Quadros ;irregular e instável;. ;O Departamento de Estado, o Pentágono e a Casa Branca também não confiavam em Goulart;, sustenta. Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil, convenceu JFK a designar o coronel Vernon Walters como adido militar em Brasília. ;Walters construiria elos com as Forças Armadas brasileiras. Ele foi intérprete dos americanos durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, e conhecia a Força Expedicionária Brasileira;, explica Green. De acordo com ele, o adido era a pessoa perfeita para persuadir a cúpula militar do Brasil sobre o apoio dos EUA em um golpe.