Jornal Correio Braziliense

Jonh F. Kennedy

John Kennedy se preocupava com a expansão do comunismo no país

O ex-presidente dos Estados Unidos também participou do golpe que derrubou Jango em 1964, no Brasil

Quando John F. Kennedy ascendeu ao poder, em 20 de janeiro de 1961, Juscelino Kubitschek estava prestes a entregar o cargo ao sucessor, Jânio Quadros. Começava uma relação de desconfiança entre a Casa Branca e o Planalto, fomentada pela influência do ideário marxista na América Latina. Brasilianistas ouvidos pelo Correio afirmam que JFK temia que o maior país do Hemisfério Sul servisse de base para reverberar os princípios comunistas por toda a região e admitem a participação do presidente dos EUA no golpe que derrubaria João Goulart (Jango) em 1964. Para impedir que a Revolução Cubana se espalhasse, JFK lançou o programa Aliança pelo Progresso, inspirado na Iniciativa Panamericana, projeto de Juscelino que visava reduzir lacunas de desenvolvimento entre as Américas do Sul e do Norte.



[SAIBAMAIS];O Brasil era o maior medo (de Kennedy);, diz James N. Green, professor de história e cultura brasileira pela Brown University (em Rhode Island). Ele lembra que, na década de 1960, o New York Times denunciou a formação de ;exércitos de camponeses; no Nordeste brasileiro. Durante o governo Kennedy, o Brasil se tornou o maior depositário de ajuda econômica, policial e militar dos EUA. Para Green, o gesto de ;boa vontade; pretendia podar as raízes do comunismo, que se infiltravam no campo e nas cidades brasileiras.

Os sete meses de presidência de Jânio Quadros teriam sido desastrosos para Kennedy. O brasileiro não escondia a simpatia pelo ditador cubano, Fidel Castro, e expressou apoio público ao regime castrista durante a invasão à Baía dos Porcos, um fiasco do governo JFK. ;O episódio azedou as relações bilaterais, que continuaram a deteriorar-se à medida que Quadros e o sucessor, Goulart, cortejavam a União Soviética e a China;, lembra Peter Hakim, presidente emérito do grupo de pensadores Diálogo Interamericano (Washington). ;O Brasil era visto como um incômodo.;

Green admite que Kennedy considerava Quadros ;irregular e instável;. ;O Departamento de Estado, o Pentágono e a Casa Branca também não confiavam em Goulart;, sustenta. Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil, convenceu JFK a designar o coronel Vernon Walters como adido militar em Brasília. ;Walters construiria elos com as Forças Armadas brasileiras. Ele foi intérprete dos americanos durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, e conhecia a Força Expedicionária Brasileira;, explica Green. De acordo com ele, o adido era a pessoa perfeita para persuadir a cúpula militar do Brasil sobre o apoio dos EUA em um golpe.