Os senadores vão reverenciar a memória dos 18 militares brasileiros que morreram no terremoto ocorrido no Haiti em 12 de janeiro deste ano. Na ocasião, também serão homenageados Zilda Arns Neumann, fundadora da Pastoral Nacional e Internacional da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, e Luiz Carlos Costa, representante da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, também mortos no terremoto daquele país. A homenagem vai ocorrer no período do expediente que antecede a sessão plenária deliberativa desta terça-feira (23), a partir das 14h.
O requerimento solicitando a realização do evento foi apresentado pelo senador Flávio Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda Arns, e endossado por outros parlamentares. "A tragédia do terremoto de Porto Príncipe, que castigou violentamente uma população já muito sofrida, levou também a vida de brasileiros que abnegadamente participavam de uma missão destinada a salvar vidas. Esses heróis lutavam em um país pobre que tentava se libertar das amarras da miséria e da injustiça social, que atinge mais de 80% da população", disse Arns.
No requerimento, o senador destaca os principais feitos dos brasileiros mortos no Haiti. A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns foi, segundo o parlamentar, "uma incondicional defensora dos direitos humanos", tendo desenvolvido intenso trabalho social que mobilizou centenas de milhares de voluntários. Esse trabalho, observou, ajudou milhões de crianças brasileiras e estrangeiras que viviam em condições subumanas.
Zilda Arns estava no Haiti justamente para levar a exitosa experiência da Pastoral da Criança às famílias daquele país, conforme o senador. A médica foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz de 2001, e recebeu, em vida, homenagens e honrarias no Brasil e em outros países.
Já Luiz Carlos da Costa ocupava, desde novembro de 2005, o cargo de vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti, após ser indicado pelo então secretário-geral da instituição, Kofi Annan. Era o segundo na ordem hierárquica da ONU no Haiti "e um dos mais competentes e experientes brasileiros em questões humanitárias no mundo", disse Arns.
Costa trabalhou nas Nações Unidas desde 1969, servindo em missões na Libéria, e "deixou um legado de dignidade como exemplo para todos os brasileiros", destacou o senador.
Militares
Foram 18 os militares brasileiros mortos no Haiti durante o terremoto que vitimou, segundo estimativas do governo local, mais de duzentas mil pessoas. São eles: Davi Ramos de Lima; Felipe Gonçalves Julio; Douglas Pedrotti Neckel; Washington Luis de Souza Serafim; Antonio José Anacleto; Rodrigo Augusto da Silva; Tiago Anaya Detimermani; Arí Dirceu Fernandes Júnior; Kleber da Silva Santos; Raniel Batista de Camargos; Leonardo de Castro Carvalho; Francisco Adolfo Vianna Martins Filho; Bruno Ribeiro Mário; Marcus Vinicius Macedo Cysneiros; Emilio Carlos Torres dos Santos; Márcio Guimarães Martins; Rodrigo de Souza Lima; e João Eliseu Zanin.
Esses militares participavam da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), instituída no dia 1; de junho de 2004. Essa missão tem por objetivo restaurar um ambiente seguro e estável naquele país, além de promover o processo político e fortalecer as instituições governamentais locais. A missão busca ainda, conforme destacou o senador Flávio Arns, garantir a lei e a ordem e proteger os direitos humanos no Haiti.
O senador informou que o contingente militar no país caribenho é de 7.500 homens da força de paz vindos de países como Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, Equador, Filipinas, França, Guatemala, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Sri Lanka, Turquia e Uruguai, sob o comando do militar brasileiro Floriano Peixoto Vieira Neto, general-de-brigada.
"A liderança brasileira da Minustah no Haiti, nessa complexa missão de imposição da paz, é reconhecida mundialmente, sendo a presença do soldado brasileiro sinônimo de eficiência e amizade, profissionalismo e solidariedade", afirmou Arns.
"O sacrifício de Zilda Arns, Luiz Carlos da Costa e dos militares brasileiros mortos no terremoto no Haiti não pode ser esquecido. Terá de ser sempre lembrado como exemplo de dedicação às melhores causas mundiais da paz e do combate à pobreza e à injustiça social", disse Arns. A homenagem a ser prestada pelo Senado, completou, é destinada a "esses bravos heróis brasileiros que morreram em circunstância dramática, defendendo vidas".