Arnaldo Jabor fala do primeiro Festival de Brasília (1965), então chamado de Semana do Cinema Brasileiro, como uma espécie de "Cannes do cerrado;. O clima era de um baile de debutantes, numa Brasília que exalava juventude. ;Era uma novidade ir até aí. O Hotel Nacional era um luxo. A gente ia para a piscina. E o cinema brasileiro tinha uma aura de reforma cultural e ao mesmo tempo política;, conta o jornalista carioca, que, na edição inaugural, foi premiado com o documentário em curta-metragem O circo.
Inscrito no cinema novo, uma geração de ;românticos;, Jabor retornou no ano seguinte, com o longa Opinião pública, reflexão documental e crítica sobre o comportamento e os gestos da classe média brasileira durante os primeiros movimentos da ditadura militar. ;A gente tinha toda uma ideologia. Havia muito elã, as pessoas do cinema tinham grande empuxo no sentido de falar, de aparecer. A gente falava muito;, diz ele. Se os anos 1960 acolheram um cinema autoral realizado em nome do povo ; mas nem sempre acessível ao gosto popular ;, na década seguinte o temperamento dos diretores mudou drasticamente. Jabor também.