No rastro de uma edição extremamente inovadora, com a unificação dos suportes digital e película e a exibição simultânea de filmes em diversas regiões administrativas do DF, o 45; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começa amanhã com um retorno às origens. Mesmo longe de casa ; o Cine Brasília, em reforma, obrigou a transferência do evento para o Teatro Nacional Claudio Santoro ;, as raízes do festival mais tradicional do país transparecem na programação, revelando um espaço aberto a experimentações.
A seleção coloca em evidência produções marcadas por linguagens instigantes e parece voltar atrás em polêmicas geradas pelo pacote de mudanças da edição anterior. Na época, com a perda de hegemonia para festivais estrelados como Paulínia, Gramado e Rio, o Festival de Brasília quebrou a exigência de ineditismo e privilegiou o cinemão. A medida possibilitou a competição de filmes já conhecidos do público. O longa Meu país, por exemplo, vinha de uma bem recebida sessão em Paulínia e lotou as salas. No elenco, estrelas como Rodrigo Santoro e Cauã Reymond atraíram uma audiência mais habituada a fitas comerciais.
Mesmo sem a exigência, a mostra competitiva deste ano apresenta somente longas inéditos. Entre eles, os ficcionais trazem importantes nomes da nova geração. As expectativas giram em torno de Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes, diretor consagrado por Cinema, aspirinas e urubus (2005). Dessa produção, considerada um divisor de águas no cinema nacional, também desponta o então assistente de direção Daniel Aragão, que apresenta em Brasília seu primeiro longa como diretor, Boa sorte, meu amor.
Dois longas ficcionais reforçam o time dos veteranos. A memória que me contam, drama sobre um grupo de amigos que resistiram à ditadura militar, traz de volta Lucia Murat, que marcou o Festival de Brasília, em 1989, e levou o Candango de melhor filme com Que bom te ver viva.
O caráter inovador dá o tom dos selecionados na categoria documentário, que tem entre os cineastas o artista plástico Cao Guimarães. Com experiência em transitar entre documentário e cinema experimental, o diretor apresenta Otto, uma proposta intimista e visceral que acompanha a gravidez de sua esposa. Outro cineasta que aparece rodeado de expectativas pela ousadia estética, Joel Pizzini está na corrida pelo Candango com Olho nu, sobre o cantor Ney Matogrosso. Em contraste com este veterano, conquistador de três Candangos, o festival apresenta duas documentaristas estreantes em longas: Karla Holanda e Ana Johann, diretoras de, respectivamente, Kátia e Um filme para Dirceu.
Maratona
Aquecido por leis de incentivo à produção, o cinema pernambucano chegou disposto a honrar os antecessores Baile perfumado (1996) e Amarelo Manga (2003). Além de Daniel Aragão, Marcelo Lordello, Marcelo Gomes e Gabriel Mascaro, selecionados no formato longa-metragem, o time de Pernambuco fica completo com os curtas Canção para minha irmã, de Pedro Severien, Câmara escura, de Marcelo Pedroso, e A onda traz, o vento leva, também de Gabriel Mascaro.
Além dos pernambucanos, a mostra competitiva de curtas-metragens se divide entre produções de: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre eles, Vestido de Laerte, de Claudia Priscila e Pedro Marques, Linear, de Amir Admoni, e Destimação, de Ricardo de Podestá, se destacaram em outros festivais nacionais.
O Distrito Federal concorre com apenas um concorrente, o curta A ditadura da especulação, de Zé Furtado. Mas as produções candangas têm um representante de honra na abertura do Festival, que acontece amanhã, às 20h30, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Durante a solenidade, exclusiva para convidados, será exibido o longa A última estação, de Márcio Curi, que conta com o elenco local Klarah Lobato, João Antonio, Chico Sant;Anna, Sérgio Fidalgo, Adriano Siri e Narciza Leão.
CORRIDA PELO
CANDANGO
PRÊMIOS DO JÚRI OFICIAL
LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO
Melhor filme: R$ 250 mil
Melhor direção: R$ 20 mil
Melhor ator: R$ 5 mil
Melhor atriz: R$ 5 mil
Melhor ator coadjuvante: R$ 3 mil
Melhor atriz coadjuvante: R$ 3 mil
Melhor roteiro: R$ 5 mil
Melhor fotografia: R$ 5 mil
Melhor direção de arte: R$ 5 mil
Melhor trilha sonora: R$ 5 mil
Melhor som: R$ 5 mil
Melhor montagem: R$ 5 mil
LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor filme: R$100 mil
Melhor direção: R$ 20 mil
Melhor fotografia: R$ 5 mil
Melhor direção de arte: R$ 5 mil
Melhor trilha sonora: R$ 5 mil
Melhor som: R$ R$ 5 mil
Melhor montagem: R$ 5 mil
CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
Melhor filme: R$ 20 mil
Melhor direção: R$ 5 mil
Melhor ator: R$ 3 mil
Melhor atriz: R$ 3 mil
Melhor roteiro: R$ 3 mil
Melhor fotografia: R$ 3 mil
Melhor direção de arte: R$ 3 mil
Melhor trilha sonora: R$ 3 mil
Melhor som: R$ 3 mil
Melhor montagem: R$ 3 mil
CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO
Melhor filme: R$ 20 mil
Melhor direção: R$ 5 mil
Melhor fotografia: R$ 3 mil
Melhor direção de arte: R$ 3 mil
Melhor trilha sonora: R$ 3 mil
Melhor som: R$ 3 mil
Melhor montagem: R$ 3 mil
CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Melhor filme: R$ 20 mil
PRÊMIO DO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem de ficção- R$ 20 mil
Melhor longa-metragem documentário: R$ 15 mil
Melhor curta-metragem de ficção: R$ 10 mil
Melhor curta-metragem documentário: R$ 10 mil
Melhor curta-metragem de animação: R$ 10 mil