Jornal Correio Braziliense

Festival de Brasilia 2017

Matheus Nachtergaele comenta performance política no Festival de Brasília

O ator esteve presente neste sábado (16/9) no Museu Nacional para a exibição do filme 'A serpente', que protagoniza. Em conversa com o Correio, ele reafirmou posição política contra o governo Temer

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"Existe uma tentativa difícil de entender, que é o boicote à liberdade artística que a gente conquistou. Tem impulsos de censura contra a arte brasileira muito perigosos." A afirmação de Matheus Nachtergaele mostra a posição de um ator disposto a tomar a frente da luta a favor da arte.

Autor de uma performance com forte tom político que abriu a 50; edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro e estrela do filme A serpente, Nachtergaele não poupa críticas ao governo Temer, cujo governo, segundo o ator, está em desarmonia com os anseios culturais da classe artística. Para ele, há no governo atual uma atitude repressora.

"A participação de todos é muito importante. Todos aqui estão representando uma negação dessa derrocada da cultura brasileira, representando o desejo de que esse governo seja finalmente derrubado e que a gente possa seguir rumo ao crescimento da nossa cultura", defende.

A serpente

O filme estrelado pelo ator e que teve sessão especial no Museu da República no sábado (16/9) à tarde, é adaptação de uma das obras mais icônicas de Nelson Rodrigues. A serpente apresenta otriângulo amoroso entre duas irmãs (interpretadas por Lucélia Santos) e o marido de uma delas, Paulo (Nachtergaele). A direção é de Jura Capela.

"Essa peça foi um resumão do que é o cerne de Nelson Rodrigues: a tragédia de as pulsões sexuais animais, no homem, serem amor romântico. Esse choque entre animalidade e desejo romântico é o cerne de Nelson, e eu pude me aventurar. Num filme de baixo orçamento, a gente pode ousar", explica o ator.

A exibição da película no museu sofreu um problema técnico que deixou a projeção com distorções de cores. Nachtergaele afirma que foi um erro grave, mas acredita que o filme não perdeu força e prendeu a atenção do público. "Eu acho que o filme aguentou até o momento do terrível erro técnico que a gente teve na projeção. Mas o filme mostrou sua força", defende.

*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira