Jornal Correio Braziliense

Festival de Brasilia 2015

Festival de Brasília aposta em ineditismo dos filmes e no formato enxuto

Seis longas-metragens inéditos disputam o prêmios


O mais antigo festival do Brasil, o de Brasília, começa nesta terça-feira (15/9) e vem com força total. Em um tempo em que a repetição de filmes tornou-se a tônica de um calendário sobrecarregado de festivais, o de Brasília programou seis longas-metragens inéditos para disputar seus prêmios - os troféus Candangos.

São eles A família Diondi, de Alan Minas (RJ); Big jato, de Claudio Assis (PE), Fome, de Cristiano Burlan (SP), Para minha amada morta, de Aly Muritiba (PR), Prova de coragem, de Roberto Gervitz (RS) e Santoro - O homem e sua música, de John Howard Szerman (DF).

Um título de cada estado diferente, contemplando a quase totalidade das regiões brasileiras - fica de fora apenas a região Norte. De acordo com informações da organização do festival, estes seis longas foram escolhidos entre 130 inscritos

Eixo curatorial era tudo o que se pedia a este que é o mais antigo e importante festival de cinema do País, fundado em 1965 pelo crítico, jornalista e escritor Paulo Emilio Salles Gomes, mas que nem sempre esteve à altura de suas tradições.

A reboque de modismos, às vezes inchou demais sua grade competitiva em detrimento da reflexão, que exige tempo, e é a sua melhor qualidade. Em outras ocasiões, deixou de lado sua filosofia de abrangência para se dedicar a apenas uma vertente da cinematografia brasileira, imitando, sem necessidade, mostras muito mais jovens e ainda em fase de afirmação. Agora, parece haver reencontrado o eixo.

Dos longas concorrentes, nada se pode dizer - e isso é ótimo. Significa que são desconhecidos, pelo menos no Brasil. É o mínimo que se pode exigir de um festival de ponta: que seja lançador de filmes e não repetidor de títulos.

Vale apenas registrar que a mostra reúne diretores jovens e veteranos, como Claudio Assis e Roberto Gervitz, ambos com vários filmes no currículo. Assis, aliás, já é um habitué e papão de títulos em Brasília. Venceu o festival por duas vezes, com Amarelo manga, em 2003, e Baixio das bestas, em 2006.

Completam a mostra competitiva 12 outros títulos, escolhidos entre 221 médias e 237 curtas inscritos. As noites de competição, sempre no tradicional Cine Brasília, são assim compostas pela exibição de dois curtas e um longa-metragem.

Mostra minimalista

Programa de dimensão humana, na contracorrente de outros festivais, que confundem overdose com qualidade, Brasília prefere se encorpar com uma mostra minimalista de qualidade. Desse modo, os filmes competidores podem ser discutidos a fundo nos debates que acontecem na manhã seguinte à exibição.


A mostra competitiva começa apenas na quarta. Na terça, será exibido o documentário Um filme de cinema, de Walter Carvalho.

No encerramento, em 22 de setembro, será mostrado, também fora de concurso, Até que a Casa caia, trabalho de Mauro Giuntini. Até lá, Brasília, centro do poder, passa a ser, também, capital do cinema brasileiro.