Jornal Correio Braziliense

Festival de Brasilia 2014

Ditadura militar é tema de duas mostras paralelas do Festival de Cinema

Reflexos do golpe e Luta na tela buscam discutir os impactos do golpe na cultura nacional



Os 50 anos do golpe militar serão lembrados pelo 47; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em duas mostras paralelas organizadas pelo cineasta Joel Pizzini, com a intenção de refletir sobre a presença do tema nas telas. A perspectiva histórica está em Reflexos do golpe, que tem início nesta terça-feira (16/9), com O caso dos irmãos Naves, de Luiz Sérgio Person. Até sábado (20/9), o público poderá assistir a Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade), a Amuleto de Ogum (Nelson Pereira dos Santos) e a Iracema ; Uma transa amazônica (Jorge Bodanzky).

A presença da ditadura militar no cinema brasileiro contemporâneo está em Luta na tela, com quatro filmes mais recentes que Pizzini escolheu por acreditar que mesclam personagens consistentes com linguagem e forma inovadoras. ;Essa mostra traz uma geração querendo incorporar o cinema de gênero, um cinema mais ágil, com linguagem de videoclipe;, diz o curador.

Já Reflexos do golpe deve ser vista como uma mostra histórica do cinema brasileiro. São clássicos cuja preocupação com a narrativa é explícita e denota a intenção de abraçar o estilo de uma alegoria realista. ;São filmes que falam da produção de memória para pensar toda a ameaça e mudança que o golpe provocou na sociedade;, explica Pizzini.

Para o cineasta, a ditadura é pouco explorada na produção cinematográfica nacional. Comparado à Argentina, onde o tema é recorrente na cinematografia, o Brasil tem uma quantidade menor de longas que tratam da repressão política dos anos 1960. ;Falta um certo distanciamento, talvez;, arrisca Pizzini. ;Fazer um filme político é dificílimo, você tem que trabalhar com as contradições, os paradoxos. E houve um tempo que o Brasil foi contaminado pelo besteirol, nos anos 1980, e que se achava que isso era careta, que se olhava com desconfiança para isso.;