Jornal Correio Braziliense

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Mesmo com shoppings cheios, criançada não dispensa tarde com o bom velhinho

Umas choram, outras aproveitam a oportunidade para não deixar dúvidas do que pretendem ganhar de Natal. Uma coisa é certa: nenhuma criança fica indiferente diante de Papai Noel

Novembro é o mês em que os shoppings recebem uma atração nova para a criançada. É quando o espírito natalino começa a ser instaurado por meio da decoração e, claro, da chegada do Papai Noel. Se o pai ou a mãe não tiver paciência para enfrentar uma longa fila, talvez seja melhor manter distância dos estabelecimentos quando estiver com o filho ; pelo menos nos fins de semana. Negar aos pequenos uma visitinha para conversar com o bom velhinho pode resultar em chororô público. É a oportunidade que a meninada tem de deixar bem claro o que quer ganhar de Natal. Vai que o senhorzinho confunde gato com lebre e traz o presente errado.

Não tem idade para acreditar em Papai Noel. Até quando isso vai acontecer depende bastante dos pais. Natasha do Nascimento, 3 anos, já quer um tablet de presente e, ao saber disso, Noel faz questão de repetir bem alto o pedido da menina para dar a dica para a mãe dela, Elinete Bezerra, 24. É que um tablet ultrapassa o orçamento do velhinho, que talvez nem tenha muito mais a oferecer do que os dois pirulitos de coração pelos quais Natasha fica suficientemente grata. Quanto ao tablet, mãe, pai e avó consideram a possibilidade. Dependendo de como resolverem entregar o presente a ela, talvez o crédito fique para o senhor da roupa vermelha. Thawan Aguiar, 10, faz questão de tirar uma foto com Noel e contar que, este ano, quer um patinete. Ele já sabe que os presentes não vêm exatamente dele, mas a mãe, Célia Aguiar, 34, diz que o garoto sempre pede para vê-lo.

[SAIBAMAIS]Também não tem idade para ter certo medo ou vergonha do Papai Noel. Às vezes, os mais novos, mesmo com menos natais em suas histórias de vida, têm até mais intimidade com o bom velhinho. Mas ele confidencia que o mais comum mesmo é os pequenos chorarem ; muitas vezes ainda na fila; em alguns casos, já no colo dele. "Quando um abre o berreiro, inspira os outros, que se animam a fazer o mesmo. Aí vira uma sinfonia por aqui", brinca. É só observar a fila por um tempo para comprovar o relato de Noel.

Para muitas crianças, este será o primeiro. Ao serem apresentadas ao Papai Noel, as reações variam de acordo com o humor delas ; se estão com calor, sono, fome. O primeiro contato de Miguel Assis, de 8 meses, com o bom velhinho não foi exatamente um sucesso. O bebê saiu do colo do homem barbudo chorando e pedindo a mãe, Maria Raquel Assis, 32, professora. "Vamos tentar de novo em breve", conta a persistente mãe. Um pouco mais nova, com 4 meses, Marisa nem se importou em sentar naquele trono enorme. Adaptou-se bem ao colo do homem que vestia roupa vermelha, combinando com a dela, tirou foto e voltou, feliz da vida, para o colo da mãe. Os dois bebês ainda não têm noção do que querem de Natal nem do que a data significa. Como criança é imprevisível, Miguel pode até se acostumar com o senhorzinho em algum tempo e Marisa, ficar mais medrosa daqui pra frente.

O contraste de reações também é visto entre os irmãos Victor Hugo, 7, e João Gabriel, 3. A coragem e a intimidade do mais velho com o Papai Noel se contrapõe à desconfiança do menor. É justificável, se levarmos em consideração que são quatro natais a mais de experiência. Os presentes que Victor já ganhou nesses anos impedem que sinta medo de um homem tão generoso. O pequeno assiste, de longe, ao irmão, contente, tirando foto. Enche-se de coragem - com alguma pressão dos pais - e vai atrás. A coragem, porém, dura pouco e ele logo pede, aos prantos, para ser resgatado pela mãe.

É de partir o coração de quem está por perto ver criança com medo de Papai Noel, mas elas se acostumam com o tempo. A barba bem-cuidada e brilhante acaba conquistando a curiosidade e, logo, a simpatia da criançada, como no caso de Yan Carlos Viana, 3 anos, que, com a mesma idade de João Gabriel, não resiste à tentação de pegar nela, feliz da vida.