Jornal Correio Braziliense

Especial 1109

Cerimônias no mundo homenageiam às vítimas do 11 de Setembro



Londres - Do Afeganistão a Londres, homenagens foram prestadas neste domingo às cerca de 3.000 vítimas dos atentados de 11 de setembro, em ocasião do 10; aniversário da tragédia, com lideranças ressaltando que a luta contra o terrorismo está longe do fim. As primeiras cerimônias começaram no Afeganistão, onde as tropas americanas foram mobilizadas após os atentados nos Estados Unidos.

Em todas as bases americanas, os soldados prestaram homenagem às vítimas dos atentados e dos combates que foram travados nos últimos dez anos nesse país.

No dia 7 de outubro de 2001, um mês depois dos atentados, os Estados Unidos lançaram uma ofensiva no Afeganistão, derrubando em algumas semanas o regime dos talibãs, que estava no poder desde 1996, recusando-se a entregar seu "hóspede" Osama bin Laden, cérebro dos ataques de 11 de setembro.

O vizinho Paquistão, cujas zonas tribais serviram de refúgio para Bin Laden após os atentados, "se juntou aos povos dos Estados Unidos e do mundo para honrar a memória daqueles que perderam suas vidas no dia 11 de setembro, assim como das vítimas do terrorismo em todo o mundo". "Como países seriamente afetados pelo terrorismo, nós reafirmamos nossa determinação nacional de reforçar a cooperação internacional para a eliminação do terrorismo", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores.

Em Londres, as famílias dos 67 britânicos mortos no 11 de Setembro se reuniram na catedral Saint-Paul de Londres, para uma cerimônia religiosa, na presença de cerca de 2.000 pessoas, entre elas o embaixador dos Estados Unidos, Louis Susman. Outras cerimônias foram organizadas no Reino Unido para "lembrar com esperança".

Durante a cerimônia ao pé do memorial aos desaparecidos erguido na Grosvenor Square, próximo à embaixada dos Estados Unidos, no centro de Londres, onde os nomes das vítimas foram lidos um a um, por volta de cinquenta de militantes islamitas do movimento "Muçulmanos contra as Cruzadas" protestaram diante da missão diplomática americana, bradando palavras de ordem anti-americanas, como "EUA terroristas".

Réplicas das torres do World Trade Center, concertos, missa em Notre Dame: Paris lembrou com grande pompa os atentados de 11 de setembro, marcando sua solidariedade com o aliado americano, apesar das tensões passadas em relação ao Iraque. Na Esplanada do Trocadéro, foram montadas réplicas de 25 metros de altura das torres nova-iorquinas, com a inscrição: "Os franceses nunca esquecerão". Na Alemanha, a bandeira americana estava a meio mastro neste domingo em Checkpoint Charlie, o mais conhecido posto de controle entre Berlim Ocidental e Berlin Oriental durante a Guerra Fria, para lembrar os atentados. "Nós berlinenses não esqueceremos o dia 11 de setembro de 2011", estava escrito em um painel.

Uma cerimônia ecumênica reunindo cristãos, judeus e muçulmanos foi celebrada na Igreja Americana de Berlim, na presença do presidente Christian Wulff.

Em Madri, o embaixador dos Estados Unidos na Espanha, Alan Solomont, o príncipe de Astúrias, Felipe, sua esposa Letizia e a chefe da diplomacia, Trinidad Jimenez, observaram no final da manhã um minuto de silêncio e inauguraram um bosque com dez carvalhos americanos, em um grande parque da capital.

Em Roma, um minuto de silêncio foi respeitado em seus dois aeroportos, no horário em que dez anos antes um avião atingiu a primeira torre do World Trade Center. Uma missa também foi celebrada; e uma coroa de flores, depositada diante de um monumento dedicado às vítimas dos ataques.

Muitos líderes mundiais ressaltaram que o terrorismo permanece uma ameaça. "Lembrar do 11 de Setembro é a oportunidade de refletir sobre a necessidade de uma cooperação internacional frente à ameaça do terrorismo, tendo a segurança e a liberdade como valores indissociáveis", declarou o presidente português Anibal Cavaco Silva.

O papa Bento XVI pediu "às autoridades das nações e aos homens de boa vontade que recusem para sempre a violência como solução para os problemas e a resistir à tentação do ódio", neste domingo em Ancona.

Para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o terrorismo "ameaça a própria existência do Estado de Israel sob a influência de regimes radicais, como o do Irã, que atingem todo o mundo". "Este combate não chegou ao fim. Devemos nos unir (....) contra esta praga", ressaltou. "A luta contra o terrorismo terminou. A ameaça está sempre aqui contra nosso país", considerou também o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé. Seu colega italiano Franco Frattini considerou que não se pode "vencer o terrorismo apenas com exércitos", pedindo instrumentos "militares, e também políticos, diplomáticos, culturais" para combater "o ódio e a intolerância".

Segundo o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, "os ataques de 11 de setembro foram o início de um longo inverno na história mundial", mas a "Primavera Árabe" representa "uma nova estação de esperança". O chefe da diplomacia britânica, William Hague, considerou que "a Primavera Árabe" é a prova de que a Al-Qaeda "é cada vez menos importante para o futuro".

Para o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, "o 11 de Setembro foi um jogo visando a influenciar as emoções da Humanidade e a encontrar um pretexto para atacar regiões muçulmanas, e invadir o Iraque e o Afeganistão, matando um milhão de pessoas inocentes".