Os Estados Unidos acordam, hoje, com a lembrança dos 10 anos de um dos dias mais tristes de sua história: os ataques do ;11 de setembro;. Durante essa década amarga, o governo se esforçou para adotar as mais variadas ; muitas, controversas ; ações para tornar seu território mais seguro contra o terrorismo e tem lutado para fomentar a confiança e a união da população. Estudos e avaliações oficiais recentes, contudo, mostram que ainda há uma série de falhas nos sistemas de proteção contra atentados. Para piorar, nos últimos dias, surgiram informações que reavivaram o fantasma de novos ataques.
Na quinta-feira, serviços de inteligência norte-americanos confirmaram a possibilidade de uma nova investida do terror dentro do país. A informação seria de que pelo menos dois terroristas teriam ingressado em território dos EUA e estariam se preparando para atacar, possivelmente com um carro-bomba, algum alvo em Nova York ou em Washington. Paralelamente a essa ameaça, crackers invadiram a conta no Twitter da rede de tevê NBC e publicaram uma série de mensagens afirmando categoricamente que Nova York havia sofrido uma nova investida com aviões. Pouco depois, um grupo assumiu a autoria dos tuítes e confirmou que as informações eram falsas. Aparentemente, o pesadelo não acabou.
Desde sexta-feira, investigadores federais e forças de segurança reviravam o mundo atrás de três suspeitos de ter como missão um novo ataque. As informações sustentavam que eles integrariam a rede terrorista Al-Qaeda, que dois deles já estariam no território norte-americano e teriam cidadania do país. Apesar de admitirem que as informações eram ;preliminares;, as autoridades dos EUA reiteraram a necessidade de investigá-las a fundo para evitar a repetição do que ocorreu em 2001.
O presidente Barack Obama defendeu ontem, em Washington, a necessidade de ;um aumento da vigilância e do estado de alerta; no país. Na mensagem semanal que envia à nação por rádio e pela internet, se esforçou para alimentar o patriotismo dos cidadãos. Ele declarou que todos enfrentavam um inimigo determinado, que procuraria feri-los novamente, mas que seu governo faria tudo para neutralizar esse risco. ;Hoje, o país está mais forte e a Al-Qaeda, no caminho da derrota;, afirmou.
Antes, o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani ; que governava a cidade quando as Torres Gêmeas do World Trade Center foram destruídas ; também havia dito ver o país mais protegido. Ele, porém, alegou que ainda faltava fazer ;muita coisa; para chegar aos níveis que o país necessita efetivamente. ;As pessoas me perguntam: ;Os Estados Unidos estão mais seguros agora?; A resposta é ;sim;, mas não tão seguros como deveriam estar. Ainda falta muito a fazer.;
Deficiências
As advertências de Obama e de Giuliani, somadas aos alertas dos serviços de segurança, ganham força se somadas aos mais recentes relatórios de comissões que avaliam a proteção do país. Na semana passada, a Comissão 11 de Setembro ; criada para investigar como os ataques terroristas passaram absolutamente desapercebidos pela comunidade de inteligência dos EUA ; ressaltou que pelo menos nove recomendações feitas ao governo, em 2004, para afastar novas ameaças terroristas ainda não foram acatadas. Esse grupo, criado no fim de novembro de 2002, conta com a participação de parlamentares democratas e republicanos. Eles receberam a incumbência de investigar minuciosamente quais foram os deslizes que permitiram o sequestro das aeronaves que caíram em Nova York, em Washington e na Pensilvânia. O grupo também formulou um plano com respostas rápidas tanto para rechaçar investidas futuras do gênero quanto para proteger os cidadãos.
Passados sete anos da conclusão desses trabalhos, a comissão avalia que falta uma unidade de comando que permita às agências de inteligência dos EUA trabalharem coesas e diz ver ;disputas de poder prejudiciais;. O grupo assinalou deficiências nos processos de concessão de vistos e de acompanhamento migratório de estrangeiros residentes no país. Até os novos aparelhos de raios X para identificar explosivos no corpo de passageiros de aeronaves não seriam confiáveis.
Na terça-feira, o Congresso dos EUA também apresentou outro levantamento, esse focado especificamente na atuação do Departamento de Segurança Interna. Essa entidade está há décadas vinculada à Casa Branca, e tem a responsabilidade de adotar ações que protejam o país contra terroristas e agir em caso de desastres naturais. De acordo com o Poder Legislativo, o desempenho do departamento tem sido insuficiente.
Solidariedade
O governo brasileiro expressou ontem apoio aos EUA. A presidente Dilma Rousseff enviou ao colega Barack Obama uma mensagem, na qual homenageava as vítimas do atentado e defendia o combate ao terrorismo. ;O extremismo violento deve ser combatido em todas as suas formas, inclusive por meio da reconciliação entre o Ocidente e o mundo árabe;, registrava a mensagem. Ela também manifestou que ;a tolerância religiosa, a paz e a democracia são necessárias para esse objetivo;.
No mesmo sentido, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, encaminhou uma carta à secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Ele ressaltou a necessidade de cooperação entre os países. ;O flagelo do terrorismo exige formas inovadoras de coordenação entre as nações.;