Jornal Correio Braziliense

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Dilma Vana Rousseff, subversiva, economista e ministra

Ser uma bailarina, bombeira ou trapezista. Esses eram os planos da menina Dilma Vana Rousseff Linhares, mineira de Belo Horizonte, nascida em 14 de dezembro de 1947. O que ela não imaginava é que um dia poderia disputar ; e com chances reais de vitória ; o comando do Brasil. Na infância, ela gostava de andar de bicicleta, subir em árvores, ler histórias de Monteiro Lobato e óperas ; que assistia ao lado do pai, o empreendedor búlgaro Pedro Rousseff, morto quando ela tinha apenas 14 anos.

Os primeiros anos escolares foram no Colégio Sion, exclusivo para meninas na época e onde se falava com os professores em francês. Em 1965 foi transferida para o Estadual Central e, em seguida, fez faculdade de economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), palcos da efervescência cultural e política da capital mineira. Resultado: Dilma integrou a Polop, Colina e VAR-Palmares, organizações clandestinas. Viu amigos serem presos, torturados, exilados e assassinados pela repressão.

Em 1970, foi presa e torturada nos porões da Oban e do Dops, em São Paulo. A Justiça Militar a condenou por ;subversão;, com pena de dois anos e um mês de prisão ; que, na prática, vivaram quase três anos. Libertada, voltou para Belo Horizonte e em seguida foi para Porto Alegre, onde o marido, Carlos Araújo, também capturado pela repressão, cumpria pena de quatro anos. Jubilada da UFMG por ter se envolvido em organizações de esquerda, ela recomeçou os estudos de economia na capital gaúcha.

Engajada na campanha pela anistia aos presos políticos, foi uma das fundadoras do PDT gaúcho junto com o marido e atuou diretamente no movimento Diretas Já. Em 1986, foi nomeada secretária da Fazenda pelo prefeito de Porto Alegre, Alceu Collares. Com a eleição do prefeito para o governo estadual, assumiu a Secretaria Estadual de Minas, Energia e Comunicação. O convite é refeito na gestão de Olívio Dutra no governo gaúcho, eleito em 1998 a partir de uma aliança entre PDT e PT. Dois anos depois, com o rompimento entre os partidos, filiou-se ao PT.

Dilma concluiu a segunda passagem pelo governo gaúcho no final de 2002. Lula havia sido eleito presidente da República e a convidou para assumir o Ministério das Minas e Energia. Lá ficou até 21 de junho de 2005, quando foi deslocada para o Ministério da Casa Civil, onde sucedeu José Dirceu (PT), exonerado do cargo depois das denúncias de ser o mentor do mensalão ; esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de aprovação de projetos de interesse do governo. Em 31 de março deste ano, a petista deixou a cadeira para disputar a presidência da República.