Candidato nenhum ganha uma eleição sozinho. A vitória nas urnas é trabalho de um grupo político que, uma vez no comando da administração, partilha o governo. Quando o eleitor for às urnas hoje, não estará escolhendo apenas um nome de sua preferência, mas elegerá também um conjunto de partidos e de pessoas que orbitam em torno do governador, todos com o objetivo de ter algum tipo de influência na próxima administração.
As duas campanhas que disputam o Palácio do Buriti são exemplos clássicos de um projeto de poder compartilhado. O caso mais aparente é o da coligação de Weslian Roriz (PSC), que tem como objetivo devolver o comando da capital da República ao marido, Joaquim Roriz. Em função das circunstâncias, o grupo se valeu da ex-primeira-dama como meio de tentar a reeleição do ex-governador.
Em um eventual governo Weslian, o comando do GDF voltaria ao grupo que sempre esteve ao lado do ex-governador e durante a campanha se mobilizou em torno do plano B apontado pelo político, que teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. Em caso de vitória, o grupo que terá força no governo será em primeiro lugar formado pelos integrantes da família da candidata. As três filhas, duas delas (Jaqueline e Liliane) eleitas em 3 de outubro, e o marido.
O poder de decisão se estenderia a pessoas que sempre estiveram ao lado do ex-governador. Nomes como o de Valério Neves (PSC), que chefiou a Secretaria de Articulação nas administrações rorizistas e foi chefe de gabinete quando o político foi eleito para o Senado. Hoje, Neves preside o PSC, partido que há um ano abrigou Roriz. Paulo Fona (PSDB), Jofran Frejat (PR) e Maria de Lourdes Abadia (PSDB) são outras pessoas com influência garantida em um eventual governo (veja quadro abaixo).
PT
A vitória de Agnelo, por sua vez, projetará a atuação de assessores e conselheiros do candidato. Pessoas que em caso de êxito do petista vão estrear, assim como ele próprio, no comando do GDF. Estão entre os colaboradores mais próximos colegas de profissão como o médico Rafael Barbosa, que acompanha o político desde a primeira investida nas urnas, em 1990. Pessoa da confiança de Agnelo e considerado um amigo, Barbosa trabalhou com o companheiro de jaleco no Ministério do Esporte e hoje é diretor adjunto da Anvisa. Em um eventual governo do petista, deve assumir cargo de destaque.
Outro amigo que tem acompanhado a trajetória política de Agnelo, o empresário aposentado Abdon Henrique também deve ter participação direta em uma administração do PT. Entre os conselheiros que atuarão nos bastidores estão nomes como o do sub-chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Swedenberger Barbosa. Berger, como é conhecido, foi um dos articuladores da indicação de Agnelo para a disputa ao GDF (veja quadro abaixo).
Vice de Agnelo Queiroz, o presidente do PMDB-DF, Tadeu
Filippelli, trabalhará para manter poder de decisão no governo petista. Principal mentor da aliança entre PT-PMDB, Filippelli não aceitará papel coadjuvante no processo. Deve assumir, caso Agnelo se eleja hoje, uma das áreas nobres da gestão petista. As apostas giram em torno de setores como o de obras e o de desenvolvimento econômico, temas que no passado comandou, quando estava aliado ao rorizismo.