O médico-cirurgião Agnelo Queiroz enfrentou a primeira batalha para se lançar como candidato ao Governo do Distrito Federal dentro do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele concorreu contra o deputado federal Geraldo Magela (PT) nas prévias da legenda, em março deste ano, para representar a sigla na corrida ao Buriti. Com 56% dos votos da militância, o neopetista, que deixou de lado duas décadas de filiação no PCdoB, conseguiu o aval para ser o nome do grupo vermelho. A disputa trouxe à tona uma série de divisões internas na legenda, que tiveram que ser equacionadas para avançar na formação de alianças contra o projeto do clã Roriz de retomar o poder.
Ao selar a união inédita com o PMDB ; partido que até o ano passado tinha como principal representante o ex-governador Joaquim Roriz ;, o PT enfrentou outra crise para levar adiante o plano de concorrer novamente ao governo local. A aliança de Agnelo com o peemedebista Tadeu Filippelli teve o apoio da cúpula dos partidos, mas até hoje é tratada com ressalvas nas bases dos dois lados. A improbabilidade da união foi tratada com tom discreto na campanha da dobradinha. Apesar de ir às ruas com Agnelo, o candidato a vice ocupou papel mais estratégico nos bastidores, costurando apoios e abrindo espaço para negociações com outros partidos.
Desde o primeiro dia de campanha oficial, Agnelo investiu no corpo a corpo e na apresentação de propostas para um eleitorado que, aos poucos, foi sendo conquistado. O ex-ministro do Esporte precisava se fazer conhecido para o público. Apesar de ter sido deputado distrital na primeira legislatura da Câmara Legislativa, três vezes deputado federal e concorrido a uma vaga ao Senado, conquistando votação expressiva, o político tinha noção de que não era a escolha de moradores que, principalmente, viviam em redutos rorizistas.
Barreira inicial
Para quebrar a barreira inicial apontada nas pesquisas de opinião, que davam preferência a Joaquim Roriz (PSC), Agnelo utilizou a boa forma adquirida como maratonista para fazer longas caminhadas nas cidades. A agenda do candidato impressionava pela quantidade de atividades programadas. Em algumas situações, o petista alugou helicóptero para poder cumprir o rol de tarefas, sempre ao lado de aliados, como os senadores eleitos Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). A mulher de Agnelo, Ilza Maria, acompanhava de perto toda a movimentação do marido, mas sempre preferiu manter a discrição. A família do político gravou uma participação no programa eleitoral já na segunda etapa da eleição.
A alavancada de Agnelo se deu a partir da metade do primeiro turno. Com a instabilidade jurídica rondando a candidatura de Roriz, o petista ganhou força devido à tolerância ao conquistar novos aliados. A orientação era receber todo mundo que quisesse conversar. A propaganda eleitoral na TV se tornou uma vitrine política para ele. Os debates televisivos também impulsionaram o candidato para o aumento da sua popularidade.