O médico Jofran Frejat (PR), 73 anos, é um dos mais tradicionais políticos do Distrito Federal. Piauiense, radicado em Brasília desde 1962, ele ficou conhecido pelo trabalho ao longo de 12 anos como secretário de Saúde. Aliado de Joaquim Roriz (PSC), Frejat trilhou os primeiros caminhos na vida pública há três décadas, no governo de Aimé Lamaison, quando estreou como comandante de um setor que hoje é considerado o grande problema a ser solucionado na capital do país. Nessa seara, Frejat é uma referência. Em suas gestões, valorizou o profissional e o atendimento público. É um crítico da privatização dos serviços.
Antes de chegar a Brasília, Frejat viveu no Rio de Janeiro, depois de deixar Floriano (PI), na juventude. Formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e depois fez pós-graduação na Universidade de Londres, quando especializou-se em oncologia e cirurgia-geral. No DF, foi diretor do Instituto Médico Legal, onde conquistou o respeito de servidores da área da segurança pública. Parte dos profissionais mais antigos que o conheceram na década de 1970 eram seus eleitores, assim como médicos e profissionais da rede pública com quem conviveu como chefe da Unidade de Cirurgia do antigo Hospital da L2 Sul.
Nos primeiros anos como secretário de Saúde, cargo exercido em quatro oportunidades (1979 ; 1983), (1991 ; 1992), (1994) e (1999 ; 2002), Frejat era visto antes do amanhecer fiscalizando pronto-socorros e centros de saúde, muitos dos quais inaugurados por ele. Frejat sempre valorizou a medicina preventiva como forma de esvaziar os hospitais públicos. O currículo na área de saúde foi o cartão de visitas para que Frejat fosse o escolhido para vice de Roriz. A intenção do grupo é justamente ter na chapa um homem que pudesse se contrapor à campanha de Agnelo Queiroz (PT). O petista também médico da rede pública do DF, garante que vai sanear o setor e combater o câncer da corrupção no DF.
Frejat também deu à chapa de Roriz um tom ético, uma vez que o político nunca teve o nome associado a grandes denúncias em cinco mandatos como deputado federal. Ele também teve uma passagem como secretário-geral do Ministério da Previdência e Assistência Social, entre 1983 e 1985, no governo de João Figueiredo. Durante meses, foi o ministro em exercício. O passado sem escândalos fez de Frejat um coringa na política candanga, tendo sido inclusive cortejado pelo próprio Agnelo como parceiro preferencial.
Apesar da aliança com Roriz, Frejat não é considerado um companheiro em quem o ex-governador entregue de olhos fechados sua própria ambição política. É por esse motivo que o ex-secretário de Saúde, político que só perdeu eleição uma vez, na disputa ao Senado em 2002, sempre foi considerado no meio rorizista o plano B em caso de impossibilidade de Joaquim Roriz permanecer na disputa ao GDF. Para o ex-governador, ele não era o primeiro da fila. Roriz preferiu entregar à mulher seu espólio eleitoral.
Frejat foi consultado para ser alçado a primeiro da chapa naquela manhã, de 24 de setembro, depois do impasse no Supremo Tribunal Federal (STF), quando o resultado do julgamento terminou empatado sobre a possibilidade de Roriz estar ou não inelegível nestas eleições, com base na Lei da Ficha Limpa. O deputado federal sabia que não era o candidato in pectore de Roriz. O nome da preferência do ex-governador era Weslian. Frejat sugeriu que a chapa fosse encabeçada pela ex-primeira-dama. Para o público externo, a sugestão partiu do vice.
Nas cinco décadas como médico e político, Frejat construiu um patrimônio razoável. À Justiça Eleitoral, declarou ter R$ 5,3 milhões em bens. Mas cultiva um hábito inusitado. Declara manter em casa altas quantias em dinheiro. Em 2006, declarou ter R$ 1,3 milhão fora do sistema financeiro. O valor baixou em 2010 para R$ 250 mil.