A temperatura na disputa pelo poder no Distrito Federal subiu. A nove dias das eleições, as duas campanhas engataram marcha de força e partiram para o tom mais agressivo. O embate de temas cedeu lugar à troca de acusações. Na programação da TV e na campanha de rua, os candidatos lançaram petardos mútuos.
Prometida durante o programa eleitoral de Weslian Roriz (PSC) desde o início da semana, a anistia das multas de trânsito apimentou o confronto com Agnelo Queiroz (PT). A campanha rorizista prometeu abonar os infratores. O grupo petista tentou impugnar a adversária. Na noite de quarta-feria, a Justiça negou liminar para cassar o registro de Weslian. E o assunto foi parar no programa eleitoral de ontem. Com o amparo da decisão do Tribunal Regional Eleitoral, a propaganda de Weslian não só repetiu a promessa, como sugeriu que o oponente estava contra o eleitor ao acionar a Justiça.
E se Agnelo recorreu à Justiça Eleitoral para encurtar a campanha de Weslian, o time adversário planeja contra-atacar na mesma medida. Pedirá a cassação do petista sob a alegação de que a campanha dele teria distribuído pão, queijo e presunto durante comício na Estrutural na quarta-feira (leia abaixo). A ação de impugnação deve ser protocolada hoje no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Um a um para os candidatos, e o grupo de Roriz tentou marcar mais um ponto. No meio da tarde de ontem, cabos eleitorais ligados à coligação de Weslian distribuíram jornais em prédios da Asa Norte com denúncias contra Agnelo. Entre os temas tratados no semanário, uma entrevista com suposta testemunha-chave da Operação Shaolin. Agnelo é acusado por oponentes de ter vínculo com pessoas investigadas no suposto esquema de desvio de dinheiro do Programa Segundo Tempo, à época em que o petista era ministro do Esporte.
Quando a distribuição dos jornais avançou para a Rodoviária do Plano Piloto, foi a vez de petistas tentarem neutralizar a investida dos rivais. Um grupo aliado a Agnelo, capitaneado pelo deputado distrital eleito Chico Vigilante, chegou ao terminal com escolta policial. Os jornais foram apreendidos e quatro pessoas que estavam distribuindo o material foram levadas à 5; Delegacia (área central). O delegado Laércio Rosseto disse que a Polícia Civil fez a primeira triagem após analisar os fatos, mas encaminhou o caso para a Polícia Federal, responsável por investigar questões relacionadas a crimes eleitorais. Petistas ligados à campanha afirmaram que vão entrar com uma ação judicial contra o periódico que veiculou as supostas acusações caluniosas contra Agnelo Queiroz.
Jogo sujo
Ao repercutir os ataques ao grupo do PT, o coordenador de Comunicação da campanha de Agnelo Queiroz, Luís Costa Pinto, considerou que os adversários baixaram o nível do confronto. ;Estamos concorrendo a uma campanha política, dispostos a discutir projetos, ideias e propostas. O fogo deles é a lama;, disse. Paulo Fona, que coordena a comunicação de Weslian Roriz, rebateu: ;Estão com dificuldades para explicar por que a testemunha diz que Agnelo recebeu dinheiro. Isso não é criação da campanha, mas uma repercussão dos atos dele. Ele deveria pedir à Justiça para quebrar o sigilo do processo e permitir que a imprensa conheça as tramoias realizadas;.
Nos próximos dias, a tendência é que a troca de farpas e acusações se intensifique. A ofensiva deve ficar por conta do grupo rorizista, em desvantagem nas pesquisas. Weslian nunca fará ataques diretos. Ela vai se valer de aliados. Assim como Agnelo, que também tem sido poupado por estrategistas. As duas campanhas usam espaço do programa eleitoral para proferir os golpes que sempre são feitos por uma terceira pessoa. Os dois candidatos seguem até o dia das eleições sem expectativas de um confronto cara a cara, já que Weslian não tem comparecido aos debates no segundo turno.
Donas de casa
Depois da anistia de multas, Weslian Roriz lançou outra promessa: no programa eleitoral de ontem, ela afirmou que, se eleita, mandará abrir uma linha de crédito especial do Banco de Brasília para donas de casa que querem trabalhar, mas não têm como deixar as obrigações domésticas.
Colaborou Mariana Laboissi;re
TRE RECEBE AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
; O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TREDF) recebeu Ação de Investigação Judicial Eleitoral contra a Coligação Esperança Renovada e a candidata Weslian Roriz (PSC). Proposta pela Coligação de Agnelo Queiroz (PT), a ação denuncia uso da Secretaria de Educação na campanha. A denúncia foi feita por diretores das regionais de ensino, que apontam terem sido coagidos a pedir votos para Weslian, mesmo durante o horário de expediente, sob pena de exoneração de seus cargos em caso de recusa.