A corrida ao Palácio República dos Palmares ; sede do governo de Alagoas ; é acirrada. Diferentemente de grande parte dos estados, nos quais a eleição era plebiscitária, os eleitores alagoanos ficaram divididos entre três fortes candidatos, que disputaram dois lugares no segundo turno. O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), que atualmente ocupa uma cadeira no Senado, conquistou 28,81% dos votos, mas acabou perdendo, por pouco, a vaga para Ronaldo Lessa (PDT), que obteve 29,16% da preferência do eleitorado.
O governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), de olho na reeleição, terminou a primeira fase do pleito com 39,58%. O novo panorama, no entanto, não é dos mais favoráveis ao tucano, já que Collor anunciou apoio a Lessa e a dobradinha deve complicar a permanência da gestão de Vilela.
A chegada de Ronaldo Lessa ao segundo turno foi conturbada não só pela presença de Collor na disputa, mas pelos problemas do candidato do PDT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele esteve entre as centenas de candidatos que tiveram o registro sub judice por terem sido enquadrados na Lei da Ficha Limpa, mas foi julgado e liberado pela corte eleitoral.
Lessa, aliás, era aguardado, na última terça-feira, na Superintendência da Polícia Federal em Alagoas para prestar depoimento no inquérito que investiga o desvio de recursos federais destinados a obras, licitações fraudulentas, formação de quadrilha e crime ambiental. As apurações deram origem à Operação Navalha, deflagrada em 2007.
O político do PDT não foi à Polícia Federal e não deu qualquer justificativa para a ausência. Por causa disso, pode ser enquadrado em um artigo do Código de Processo Penal que determina que, nesses casos, o acusado pode ser conduzido à força. Lessa pediu para que uma nova data fosse marcada, mas a Polícia Federal ainda não se pronunciou sobre o assunto. De acordo com o advogado do candidato pedetista, José Fragoso, o político não teria recebido a intimação, mas informou que seu cliente está disposto a prestar os esclarecimentos necessários.
Guerra
A ferrenha disputa pela preferência do eleitorado alagoano se reflete na propaganda eleitoral televisiva. Em uma das peças publicitárias, Ronaldo Lessa afirmou que Vilela recebeu cerca de R$ 500 mil de propina paga pela construtora Gautama e chegou a dizer que o tucano está diretamente envolvido na Operação Navalha.
Vilela apareceu, então, no seu horário na televisão, com um documento emitido pela Controladoria-Geral da União (CGU) que o isentaria de qualquer tipo de irregularidade. Além disso, o atual governador prometeu processar Lessa por calúnia e difamação.
Em meio ao tiroteio, os eleitores de Alagoas, que representam cerca de 1,5% do total do eleitorado brasileiro, tendem a manter o resultado do primeiro turno. Segundo pesquisa divulgada no último dia 14 pelo instituto Vox Populi, Teotônio Vilela Filho tem 50% da intenção de votos, contra 41% de Lessa. A margem de erro de é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.