Num ato político em que recebeu o apoio de 20 diretórios estaduais do Partido Verde (PV), a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, passou por um teste de tolerância. Bastou ela citar que assumia o compromisso com a redução de 80% do desmatamento na Amazônia para que militantes da organização não governamental Greenpeace que foram retirados no início do encontro voltassem com a faixa ;Desmatamento zero: você assina?;. Uma manifestante foi cercada por seguranças, mas Dilma intercedeu em favor da ativista: ;Somos democratas. Deixa a moça se manifestar;.
Para o grupo de peemedebistas que acompanhou Dilma Rousseff no ato ; o candidato a vice na chapa oficial, Michel Temer; o representante da sigla no comando da campanha, Moreira Franco; e ainda os deputados Eduardo Cunha (RJ), Paulo Henrique Lustosa (CE) e Colbert Martins (BA) ;, o comportamento da petista deixou de lado a imagem de autoritária que setores da oposição tentam lhe impor.
Além da investida na faceta ;paz e amor;, Dilma aproveitou a solenidade, realizada num auditório lotado do Hotel Nacional, em Brasília, para reforçar sua pauta ambiental. ;Meu compromisso é com a redução do desmatamento de 80% para a Amazônia e de 40% no cerrado, como está na lei. Temos ainda um compromisso com a matriz (energética) renovável e a agricultura responsável. Não faço leilão político para receber apoio. Comigo vocês podem olhar nos olhos: Eu prometi? Eu cumpro. A minha assinatura não vai em qualquer documento que ponham na minha frente;, afirmou a candidata, diante de um auditório que chamava os representantes do Greenpeace de ;tucanos;.
Após focar as questões ambientais, Dilma tentou marcar o que considera diferenças da sua candidatura em relação à de José Serra (PSDB), e voltou a abordar as privatizações. Ela citou, por exemplo, a questão do pré-sal, que tem norteado seu programa eleitoral na televisão. ;O pré-sal não pode ser privatizado. A bancada do PSDB votou contra a partilha. Queriam o outro modelo, no qual o petróleo no fundo do mar é da União e, depois de retirado, fica para as empresas. O pré-sal tem um petróleo de qualidade. Colocamos na lei que o petróleo, quando retirado, pertence ao povo brasileiro;, discursou Dilma, que foi aplaudida pela plateia.
Ângela Mendes
Um dos destaques na cerimônia foi a presença de Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, seringueiro e ativista ambiental assassinado em 1988, no Acre. Ela anunciou seu apoio a Dilma, apesar de sua mãe, Ilzamar Mendes, viúva de Chico, ter manifestado apoio a Serra.
Outro ponto alto do evento foi o discurso de Pedro Ivo, que coordenou a campanha de Marina Silva ; citada apenas uma vez por Dilma, como uma grande militante, ;tanto popular quanto da área ambiental;. Ivo lembrou que o programa ambiental do PV foi levado aos dois presidenciáveis que seguem no páreo e disse que ;a resposta que mais se aproximou do nosso projeto foi a de Dilma;.
Além de Pedro Ivo, estiveram presentes no encontro, representando o PV, os deputados Sarney Filho (MA), Fábio Ramalho (MG), Edson Duarte (BA) e Roberto Santiago (SP).
CONFUSÃO EM GUARULHOS
Um tumulto se instalou na caminhada que a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, fez na cidade de Guarulhos (SP), ontem. A falta de organização fez com que a população tentasse se aproximar da petista, provocando empurra-empurra e gritaria. Dilma ficou assustada e resolveu encerrar a passeata antes da metade do trecho previsto. Até uma entrevista coletiva marcada para a cidade de Suzano foi cancelada. Dilma estava acompanhada pela senadora recém-eleita Marta Suplicy (PT), pelo presidente estadual do PT, Edinho Silva, e pelo senador Aloizio Mercadante (PT).