Belo Horizonte ; A batalha por votos no segundo turno da disputa presidencial começa a ser travada hoje em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com os dois candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), focados no mesmo objetivo: atrair para o seu lado o maior número possível dos 853 prefeitos do estado. O ímã a ser utilizado, no entanto, será diferente em cada uma das campanhas.
Na tucana, o campo magnético será o senador recém-eleito Aécio Neves (PSDB), dono de elevados índices de popularidade no estado que, além da vitória na disputa por uma cadeira no Congresso, foi peça-chave na reeleição para o Palácio da Liberdade do colega de partido, Antonio Augusto Anastasia. Serra, que desembarca hoje à tarde em Belo Horizonte, participa, ao lado de Aécio, de encontro, às 15h, na Associação Médica. Segundo o coordenador da campanha de Serra em Minas, o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB), 400 representantes de cidades mineiras ; vereadores e lideranças políticas ; participam da reunião.
Na estratégia da rival, Dilma Rousseff , que viaja a Minas no sábado, a forma de atração será uma espécie de campanha fatiada, tentando atrair tanto eleitores do tucano como de Marina Silva (PV), ex-presidenciável que ficou em terceiro lugar no estado, com 2,2 milhões de votos, mas que venceu em Belo Horizonte. Dilma ficou em primeiro em Minas Gerais, com 5 milhões de votos, mas amargou a segunda colocação na capital. Serra ficou em segundo no estado, com 3,3 milhões de votos, e em terceiro em Belo Horizonte.
A investida de Dilma terá participação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanhará a pupila na visita à capital mineira, onde está prevista, além de carreata pela Avenida Afonso Pena, na região central da cidade, um encontro com prefeitos e lideranças em local ainda a ser definido. Lula quer ouvir, por exemplo, o diagnóstico de aliados do sul do estado, onde Serra venceu em parte das cidades. ;É possível que se discuta a política do governo para o financiamento agrário, por exemplo;, afirma o deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT). Na região Sul de Minas se concentra a maior parte da produção de café do país.
Público
Ainda na tática fatiada de atuação, a campanha da petista vai centrar fogo no universo de eleitores da capital formado por universitários e religiosos. Levantamentos da campanha apontam que estão nessas duas classes a maior parte dos votos que poderiam migrar para Dilma, mas que acabaram desaguando em Marina Silva. Quanto aos religiosos, a estratégia é desfazer a imagem passada no primeiro turno de que a candidata é a favor do aborto. Em relação aos universitários, será feita uma tentativa de provar que o programa de governo da petista, sobretudo em relação ao ensino, é melhor que o do tucano.
Segundo o deputado Rodrigo de Castro, a estratégia de Serra em Minas contará com Aécio viajando ao lado do presidenciável para as cidades com maior número de habitantes. Em centros menores, a tarefa ficará por conta de parlamentares, prefeitos e lideranças. Sobre o chamado movimento Dilmasia entre os prefeitos (defesa de voto em Dilma e em Anastasia no primeiro turno), Rodrigo diz acreditar que haverá mudança de postura, com votos migrando para Serra. ;Isso está acontecendo de maneira espontânea. Vai acontecer pela força da virada em Minas em favor do Anastasia (na disputa com o peemedebista Hélio Costa). E muitos vão enxergar que os ventos agora sopram a favor de Serra aqui;, argumentou.
Na avaliação do tucano, uma vitória do PSDB seria melhor para o grupo mineiro do partido. ;É claro que se o Serra for eleito, Aécio terá espaço muito maior, teremos mais oportunidade, o Brasil ganhará com o grande governo que Serra fará;, aposta.
Colaborou Alice Maciel