Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

PT e PSDB estimam 17 milhões de eleitores indecisos para o Planalto

Mulheres e pessoas com até o ensino fundamental completo são maioria

Repousa sobre uma fatia equivalente a 17 milhões de eleitores a definição sobre o próximo inquilino do Palácio do Planalto. O contingente significa o total de prováveis votos válidos que ainda não estão definidos entre Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). O número ;mágico; é disputado por petistas e tucanos e foi confirmado por levantamentos internos das legendas e pela pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no fim de semana. Cerca de 10% dos eleitores de cada um dos candidatos ainda não consolidaram as escolhas. Outros 7% estariam indecisos.

As duas candidaturas têm como foco definido até 31 de outubro, data da votação, ganhar terreno em dois perfis do eleitorado, que hoje correspondem à parcela mais indecisa: mulheres e eleitores com até o nível fundamental completo. Dilma e Serra trabalham com índices de rejeição considerados altos. Cerca de 35% do eleitorado dizem que não votariam na petista, segundo o Datafolha, contra 37% do tucano.

Do lado petista, a recuperação do espaço perdido por Dilma na reta final do primeiro turno é a prioridade da estratégia traçada pela legenda. O eleitorado que modificou o voto na última hora por conta do fator Marina Silva (PV) e das denúncias contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra seria o voto que separa a petista da vitória nas urnas, pelas contas dos coordenadores da campanha. O mote para conquistar esse perfil será a comparação entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso. ;Vamos dialogar mostrando aos eleitores que são dois projetos claramente identificados: o de FHC e o do presidente Lula. Construindo essa ideia, mostramos que as pessoas têm a opção de voltar ao modelo antigo ou permanecer com o nosso projeto;, aposta o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo.

André Vargas, secretário de comunicação do PT, fala sobre a busca dos eleitores indecisos neste segundo turno

Debruçados sobre pesquisas internas, petistas e tucanos trabalham com números distintos. A coordenação de Dilma acredita que ela está oito pontos à frente de Serra, enquanto os tucanos acusam o empate. As tendências apontam disputa acirrada, especialmente em Minas Gerais, Pará e Goiás. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, Serra e Dilma lideram com relativa folga, respectivamente, mas, pelo peso das duas unidades da Federação, aliados dos partidos trabalham para ampliar ; ou reduzir ; a diferença.

Blocos
Do lado tucano, o Rio Grande do Sul é um estado em que há a aposta de que Serra vire o quadro e supere Dilma. ;Identificamos um público indeciso entre as mulheres com nível fundamental completo, mas nossa estratégia não pode se ater a isso, precisa ser abrangente;, explica o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. O partido trabalhará a campanha em grandes blocos estaduais. Candidatos aos governos e vitoriosos e derrotados no primeiro turno comandam as ações regionais.

;Teremos mais chances de acertar diferenciando realidades e políticas por região. O perfil do eleitor muda em cada local. Uma mulher, por exemplo, tem necessidades diferentes de acordo com o estado em que está;, explica Guerra.
O mesmo papel desempenhado pelo Rio Grande do Sul na estratégia tucana é reservado a Santa Catarina pelo petistas.

A coordenação da campanha quer resgatar, ainda, a confiança de duas parcelas consideráveis da população que tinham a intenção de votar em Dilma antes do início da corrida presidencial e, no decorrer do pleito, migraram para outros candidatos: os eleitores que consideravam a possibilidade de votar no político escolhido por Lula e as pessoas satisfeitas com a gestão petista.
Dentro desse perfil, merecerão atenção redobrada as mulheres com baixo grau de escolaridade, maioria no grupo dos indecisos. ;A questão religiosa não pode ser preponderante em uma eleição que não escolherá um líder religioso, mas o presidente do Brasil. Temos de adotar a estratégia de informar e não o contrário;, alfineta o secretário de Comunicação do PT, André Vargas.

Caciques mineiros
Para tentar pender a balança no segundo maior colégio eleitoral do país, em que Dilma Rousseff (PT) venceu José Serra (PSDB) por 47% a 30,8% no primeiro turno, tucanos e petistas escalaram nomes de forte apelo nas urnas. A articulação de Dilma em Minas Gerais é feita pelo vice-presidente José Alencar. Do lado de Serra, o senador eleito Aécio Neves (PSDB) e o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) repartem a tarefa. A articulação política fica a cargo do ex-governador do estado, que pretende reunir 300 prefeitos do interior para uma declaração conjunta de apoio ao tucano na quinta-feira. Rodrigo recebeu a tarefa de organizar a logística, incluindo estrutura da militância e distribuição de materiais.