De olho no segundo maior colégio eleitoral do Brasil, petistas e tucanos já esquentam a disputa pelo voto do eleitor mineiro na corrida presidencial. Enquanto os companheiros da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) apostam no discurso de que Minas Gerais tem a chance de eleger uma mineira presidente, a base aliada de José Serra (PSDB) diz que a ex-ministra não tem trajetória política no estado. Em Minas, o duelo entre os dois candidatos será comandado pelo vice-presidente José Alencar (PRB) e pelo senador eleito Aécio Neves (PSDB).
Alencar assumiu ontem o comando da campanha de Dilma em Minas. Depois de reunião com lideranças da coligação derrotada no estado, formada por PT, PRB, PMDB e PCdoB, ele afirmou que a ex-ministra tem laços fortes com os mineiros. ;Por mais que ela tenha vivido fora, por força de circunstâncias, ela continua pronunciando o ;uai; melhor que nós que estamos aqui;, disse. O encontro entre os partidos em escritório de Alencar foi pedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para organizar as estratégias no estado.
Segundo o vice-presidente, enquanto São Paulo, terra de José Serra, é a matriz econômica do Brasil, Minas é a síntese política do país. ;Então, é muito importante que as forças políticas estejam presentes contemplando o Brasil como um todo;, afirmou, acrescentando que ;quando Minas está presente, significa participação de todo o país;. Dilma nasceu em Belo Horizonte, onde viveu até os 19 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro, fugindo de perseguição durante o regime militar. Mais tarde, fez carreira política no Rio Grande do Sul.
Reversão
Maior liderança do PSDB em Minas Gerais, Aécio é cotado para assumir papel de destaque na corrida eleitoral no estado ; o que ainda não aconteceu em razão da morte de seu pai, o ex-deputado federal Aécio Cunha, no dia das eleições. Com a reeleição de Anastasia, Aécio e as principais lideranças mineiras estariam agora liberados para buscar votos para Serra. E os aliados têm pela frente a missão de anular o quadro desfavorável: no domingo, o ex-governador de São Paulo recebeu 30,76% dos votos válidos, bem atrás de Dilma Rousseff (PT), votada por 46,98% dos eleitores que optaram por algum dos nove candidatos a presidente da República.
Na segunda, Serra esteve em Belo Horizonte para o velório de Aécio Cunha e ressaltou a importância do apoio do senador em Minas. ;Acredito que ele vai ser uma das pessoas-chaves para que a gente chegue em um final muito feliz no segundo turno;, declarou o tucano. Discurso semelhante adotou o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. ;Aécio é um grande líder do partido e construiu uma enorme aliança em Minas, o que será fundamental para a eleição de Serra;, disse. Um ponto os tucanos já rebatem na campanha adversária: a exploração do fato de Dilma ter nascido em Belo Horizonte. Para o presidente estadual do PSDB, deputado federal Nárcio Rodrigues, é preciso lembrar que ainda na juventude a ex-ministra da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou-se para o Rio Grande do Sul. ;Não basta ter nascido em Minas, tem que ser mineira;, argumentou o parlamentar, referindo-se às declarações feitas ontem pela manhã pelo vice-presidente da República José Alencar, coordenador da campanha de Dilma no estado.