Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Velhos caciques da política brasileira ficam no limbo com esta eleição

Apesar de não eleger Dilma no primeiro turno, Lula vê oposição perder força no Congresso. DEM é um dos maiores derrotados


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu emplacar sua candidata à Presidência no primeiro turno, mas a derrota eleitoral de muitos de seus desafetos teve gosto especial para o petista. Grandes caciques da política, acostumados com campanhas amenas e vitórias confortáveis, não passaram no vestibular das urnas. No Ceará, por exemplo, os responsáveis pelas pesquisas eleitorais que mostravam o senador Tasso Jereissatti (PSDB) à frente na disputa para o Senado Federal devem estar se perguntando se o eleitor mentiu nas sondagens ou se o método era incerto, pois o parlamentar não conseguiu se reeleger.

O senador Arthur Virgílio, do PSDB-AM, e a ex-senadora Heloisa Helena (PSol) ; que foi uma pedra no sapato de Lula no Congresso ;, também perderam a chance de ampliar a bancada de seus partidos no Senado. Na lista dos grandes que foram derrotados, há também um ex-desafeto do presidente. O senador Fernando Collor de Mello (PTB) dava a conquista do governo de Alagoas como favas contadas, mas foi barrado pelos eleitores de seu estado, ficando em terceiro.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (PMDB) também terá que esperar mais quatro anos para tentar de novo uma cadeira no Senado. Outra surpresa foi a derrota do senador Mão Santa (PSC-PI), que não conseguiu se reeleger. No Espírito Santo, a deputada Rita Camata (PSDB) engrossou a lista dos chamados ;nomes fortes; que não alcançaram sucesso na disputa pelo Senado.

DEM
Mas se o alvo de Lula era o DEM, seu desejo de ;extirpar; o partido da política nacional foi parcialmente atendido. Caciques renomados da legenda, como os senadores Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE) e o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (RJ) foram duramente derrotados nas urnas.

O desempenho da sigla este ano não lembra nem de perto o áureo período da legenda durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o partido tinha como líderes os ex-senadores Jorge Bornhausen (SC) e Antonio Carlos Magalhães (BA). Em 2002, por exemplo, quando 54 vagas para o Senado foram disputadas, como neste ano, o DEM garfou 14 delas. Ontem, as urnas mostraram que apenas o senador José Agripino Maia (RN) e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) saíram vitoriosos. A bancada atual da sigla, de 13 senadores, será reduzida para sete.

Bancada menor
Na Câmara, informações preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dão conta que a bancada do DEM pode ser reduzida quase à metade. Na disputa de 2006, a legenda fez 65 deputados federais e, agora, acena para a composição de bancada de 37 parlamentares. A Bahia do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) é apontada como o estado que mais fez parlamentares para o partido: seis eleitos. São Paulo vem em segundo, com quatro. A desidratação da bancada dos democratas na Câmara ocorre de forma gradativa. Em 1998, o partido fez 105 deputados federais. O número caiu para 84, em 2002, e 65, em 2006.

Apesar do fracasso no Parlamento este ano, o partido conseguiu eleger dois governadores: Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte, e Raimundo Colombo, em Santa Catarina. De 2006 para cá, o único chefe de Executivo estadual da sigla foi José Roberto Arruda, que renunciou ao mandato este ano após um escândalo de corrupção. Em 1998, o DEM elegeu sete governadores; em 2002, o partido conseguiu a vitória em quatro estados.