São Paulo ; No primeiro discurso do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, na madrugada de hoje, depois de confirmado o segundo turno, sobraram críticas para as pesquisas eleitorais e para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que indiretamente. ;Eu tenho uma só cara, que nem todo mundo acha bonita. Não tenho cofre em casa e todo mundo sabe o que eu penso. Sou a favor da liberdade de imprensa;, disse o tucano. Ele lembrou que é um político experiente e que já disputou seis eleições, frisando que venceu a maioria delas. ;Vou seguir de cabeça erguida e braços abertos.;
O presidenciável também afirmou que não acreditou em nenhum momento nas pesquisas de intenções de voto e que, ao visitar quase todos os estados, nunca havia sentido uma acolhida do eleitor como a de ontem. ;Recebi abraços calorosos e olhares de esperança. Em nenhuma outra campanha senti tanto acolhimento como nessa;, ressaltou.
O tucano subiu ao palco montado no bairro da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, faltando 10 minutos para a meia-noite. Quando começou a falar, já era segunda-feira. Metódico, ele fez questão de começar seu pronunciamento agradecendo os votos que recebeu. Sua intenção só era comentar sobre o segundo turno depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizasse o último voto para presidente, apesar do apelo dos assessores que cobravam uma coletiva assim que o segundo turno estivesse matematicamente definido, por volta das 20h30.
Twitter
Por volta das 21h, Serra cedeu aos apelos e falou publicamente sobre o segundo turno. Em uma mensagem postada no Twitter, o tucano agradeceu aos internautas que votaram nele e comemorou o fim da primeira etapa das eleições. ;Foi-se o primeiro turno. Viva o segundo turno! Muito obrigado a vocês todos pela confiança;, disse.
Em seguida, convidou seus seguidores para a festa que estava prevista para varar a madrugada no bairro da Barra Funda, que contou com a presença do senador eleito pela chapa do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira, e o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que se comprometeu a viajar pelo Brasil ao lado se Serra durante as próximas quatro semanas de campanha.
Madrugada em claro
José Serra passou a noite de sábado para domingo sem dormir. Durante a madrugada, ficou conectado à internet e, em boa parte do tempo, também conversou com familiares. Às 7h da manhã, já estava recebendo amigos e parentes em casa. No entanto, o tucano só votou às 13h, no Colégio Santa Cruz, Alto de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Esperou por uma eleitora que estava à sua frente e, enquanto aguardava, fez pose para fotógrafos e cinegrafistas.
Acompanhado da mulher, Mônica Serra, que votou mais cedo; do então candidato ao governo de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), eleito em primeiro turno; e do vice de sua chapa, o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ), José Serra esteve sorridente o tempo todo, confiante de que levaria a disputa para o round derradeiro.
Com os braços erguidos, mostrou com os dedos o número da sua candidatura. Depois, posou novamente para fotos, dessa vez ao lado de familiares e correligionários. Logo depois, partiu para o ataque, lembrando que o PT oferece ameaças à democracia no país. Citando indiretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano disse que ;o Brasil não tem dono;, classificou as eleições como ;um período agitado; e também alfinetou Lula, que recentemente criticou a imprensa.
;Defenderei a liberdade de imprensa em todos os momentos, aconteça o que acontecer no Brasil. A nossa imprensa tem o direito e o dever de informar tudo o que ela souber que está acontecendo, o que, na verdade, é a grande garantia que nós temos para a democracia e para o futuro de melhor ética e melhor qualidade moral dos governos do Brasil nas suas três esferas;, discursou. (UC)