São Paulo ; Plínio de Arruda Sampaio (PSol) foi responsável por tirar o grupo dos nanicos candidatos à Presidência da República do anonimato. Aos 80 anos, bodas de diamante na vida pública e no casamento, o presidenciável deu graça a uma eleição sem graça. Animou debates com seu jeito descontraído e sincero. Destilou comentários ácidos. Alfinetou os adversários com perguntas capciosas e ainda virou trending topics (um dos temas mais comentados) no Twitter, angariando votos dos jovens eleitores. As propostas do candidato foram deixadas de lado por militantes e seguidores. Pareciam distantes demais da realidade.
;Estou feliz porque as coisas que não poderiam ser ouvidas pelo povo foram ditas;, disse, referindo-se ao balanço da sua campanha. O candidato defende a taxação de grandes fortunas, a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, 10% do PIB para a saúde pública, aluguel compulsório de imóveis vazios, limite da propriedade da terra em mil hectares e a extinção do Senado. ;Nós governamos para os pobres. Doa em quem doer;, afirmou Plínio, durante o debate da Globo na última quinta-feira, acusando Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) de terem propostas semelhantes e voltadas para os interesses econômicos. ;Aqui são duas propostas distintas. Uma das soluções radicais e outra das melhorias pontuais das classes dominantes;, afirmou.
A participação do candidato nos debates começou quando o PSol entrou na Justiça para ter direito como os demais candidatos. A legislação eleitoral prevê que quem deve obrigatoriamente participar dos debates são os candidatos dos partidos com representação na Câmara dos Deputados. Atualmente, o partido conta com três parlamentares. Depois da primeira atuação, na Band, Plínio ensaiou seus 15 minutos de fama. Dois mil novos usuários passaram a acompanhar o twitter do candidato (@pliniodearruda) no dia do debate, fazendo-o ultrapassar a marca de 13 mil seguidores e ficar entre os assuntos mais comentados na rede social. Um dia antes das eleições, Plínio já tinha 45.101 seguidores. Ele passou também a ser reconhecido na rua e sua agenda foi divulgada diariamente, assim como a dos principais candidatos à Presidência.
Ex-petista
Apesar dos compromissos políticos, Plínio não dava sinais de cansaço. Tanto que na madrugada do debate da Globo, virou a noite no Capela, restaurante boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, com colegas do partido e a família. O PSol aproveitou a fama de Plínio e começou a brigar pela divulgação das propostas. Uma tentativa de fazer crescer os representantes da legenda pelo país. Nestas eleições, o partido tem 1.098 candidatos, o que representa 4,8% do total de candidaturas. Plínio foi fundador do Partido dos Trabalhadores e deixou o partido em 2005 por, segundo ele, não concordar com os rumos tomados pela sigla durante o escandâlo do Mensalão. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constiuinte.