O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuidou tanto da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República que esqueceu as outras petistas que concorrem aos governos estaduais. Para essas mulheres, a onda vermelha falhou. Pelo menos, até agora. A cinco dias da votação, a governadora Ana Júlia Carepa, que concorre à reeleição no Pará, e a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), de olho no governo de Santa Catarina, correm o risco da derrota já em 3 de outubro. E, para evitar o fiasco, colaram suas imagens à de Lula para exibi-las hoje na TV, o último dia de horário eleitoral para os governos estaduais.
Além de estarem prontas para atribuir eventuais fracassos ao que consideram pouco apoio do governo federal, as duas têm ainda outra semelhança no que se refere aos aliados: nem Ana Júlia nem Ideli contam com o PMDB em seus palanques regionais. No Pará, o PMDB lançou candidato próprio ao governo. Em Santa Catarina, o ex-governador Luiz Henrique da Silveira concorre ao Senado como adversário da candidata petista. ;Hoje, ao fim da campanha, temos a certeza de que esse apoio seria fundamental;, diz o cientista político Paulo Kramer, que acompanha os cenários estaduais.
Sem o PMDB, as duas usam Lula e Dilma para tentar reverter o jogo em favor de suas candidaturas. Ideli, por exemplo, tem gravações de ambos exibidas nos comerciais. Além disso, aparece doce e de fala suave no vídeo: ;Já combinei com Dilma. Vamos espalhar o Minha Casa Minha Vida por toda Santa Catarina;, diz, num tom de voz muito diferente daquele aguerrido que caracteriza a sua atuação na tribuna do Senado. Não conseguiu, entretanto, deixar o terceiro lugar. Está atrás de Ângela Amin (PP), a segunda colocada, e de Raimundo Colombo (DEM), que lidera todos os levantamentos, mas não o suficiente para uma vitória no primeiro turno.
Ainda pior
No Pará, a situação de Ana Júlia Carepa é ainda pior que a de Ideli. Na última pesquisa do Ibope, divulgada na semana passada, a governadora-candidata apareceu com 30%, contra 43% do tucano. Domingos Juvenil (PT) ficou em terceiro, com 7% da intenções de voto. O resultado indica Jatene com 51% dos votos válidos e uma projeção de vitória no primeiro turno.
Esse cenário, somado à rejeição da governadora, que chega a 42%, indica que ela dificilmente conseguirá reverter o quadro desfavorável. E, para completar, Dilma não foi a um só comício no estado. No comício em que Ana Júlia apareceu ao lado de Lula, em 16 de setembro, Dilma não programou acompanhar o presidente, embora hoje muitos adversários de Ana Júlia digam que a presidenciável petista não apareceu por causa da demissão de Erenice Guerra da Casa Civil, ocorrida no mesmo dia. Na verdade, avaliam alguns aliados de Dilma em Brasília, o que tirou Dilma do palanque de Ana Júlia naquele momento foi a avalanche de denúncias que pesam sobre o governo de sua companheira de partido no estado. Seria mais um motivo para a oposição tentar tirar uma lasquinha dos poucos percentuais que ainda mantêm nos petistas a esperança de vitória na sucessão presidencial, no primeiro turmo.