Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

PMDB desdenha apoio de Rogério Rosso à candidatura de Weslian Roriz

Diante da declaração de apoio do governador à candidatura da mulher de Roriz, peemedebistas reafirmam apoio da legenda ao PT

O governador Rogério Rosso (PMDB) voltou ontem oficialmente ao rorizismo. Desde o fim das últimas eleições, ele se afastou do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), fez parte da administração de José Roberto Arruda como presidente da Codeplan e depois de eleito para o comando do Executivo preferiu não declarar apoio a nenhum candidato na disputa à sucessão dele. Na tarde de ontem, no entanto, Rosso e a primeira-dama, Karina, estiveram na residência do casal Roriz, no Park Way, para anunciar voto à nova candidata do grupo azul, Weslian Roriz. Foi, assim, uma decisão contrária à tomada pela convenção regional do PMDB, partido ao qual pertence e está formalmente coligado com o PT de Agnelo Queiroz, tendo seu presidente regional, Tadeu Filippelli, como vice do petista.

O anúncio do apoio político foi feito ontem no início da tarde depois de ser amadurecido nos últimos dias. Rosso e Filippelli se desentenderam desde que o governador defendeu candidatura própria do PMDB ao Governo do Distrito Federal. A tese foi barrada na convenção ocorrida em 19 de junho, numa vitória larga de Filippelli, por 97 votos contra 22. Rosso, então, passou a isolar no governo os peemedebistas ligados ao presidente regional do PMDB e que mergulharam na campanha de Agnelo. O governador usou em todas as ocasiões o argumento de que não permitiria o uso da máquina em favor de nenhum candidato. Ao tirar o poder político de Filippelli no GDF, por tabela, Rosso ajudou Joaquim Roriz, que mantém influência sobre os novos escolhidos para cargos estratégicos no Executivo.

No encontro de ontem no Park Way, Rosso fez questão de destacar a conotação pessoal da decisão. O governador fez elogios à esposa de Roriz e disse que ela o apoiou como se ele fosse um filho em diversas ocasiões. Duas delas foram citadas por Rosso: a atual candidata ao GDF interveio para que ele não fosse morar fora do Brasil em 2002, convidando-o a trabalhar com o marido, então governador do DF; e foi grande apoiadora de sua candidatura ao cargo de deputado federal em 2006. ;Uma palavra que não existe no meu vocabulário é ingratidão. Eu seria incoerente, desleal, ingrato se não apoiasse dona Weslian;, declarou.

Tadeu Filippelli tratou o apoio de Rosso ao grupo rorizista com desdém. ;O PMDB nunca esteve rachado. Decidiu com ampla maioria se coligar com o PT. Apenas o governador pode esclarecer os acordos que levaram a essa declaração de apoio;, afirmou. Sobre eventual punição a Rosso no PMDB por suposta infidelidade partidária, Filippelli respondeu: ;Devido à inexpressividade do governador nas instâncias partidárias e de sua baixa densidade eleitoral, avalio que o apoio terá pouca repercussão e não há que se falar em retaliação;.

Alfinetadas
Ao saber das declarações do presidente regional do PMDB, Rosso reagiu com alfinetadas. ;Pergunte ao Filippelli se ele considera que dona Weslian fará um bom governo. Eu a apoio por questão de lealdade. Espero que o D do PMDB não seja de déspota;, disse. Rosso se refere aos laços familiares de Filippelli com a nova candidata do grupo rorizista. Célia, a mãe dos filhos de Filippelli, é sobrinha de dona Weslian e muito ligada à família Roriz. O vice de Agnelo Queiroz prefere não envolver assuntos pessoais no debate.

Rosso e Filippelli se conheceram na casa de Joaquim e Weslian Roriz. O casal é amigo dos pais da primeira-dama Karina Rosso, que mantém amizade estreita com sua filha caçula, Liliane, aspirante a uma vaga na Câmara Legislativa do DF pelo PRTB. Karina acompanhou o marido ao Park Way e referiu-se a Liliane Roriz como ;irmã;. Enquanto Rosso, Weslian, Roriz e a primeira-dama posavam abraçados para a imprensa, Liliane enxugava os olhos, emocionada. Depois, juntou-se ao grupo para ser fotografada também.

O governador disse ainda ter convicção de que Weslian fará uma boa administração se for eleita. ;Ela tem experiência, até porque é esposa (de Roriz) há 50 anos. Será assessorada por uma equipe técnica;, afirmou Rosso, que contou ter escrito um jingle de campanha para a candidata. Weslian Roriz descartou, a princípio, a possibilidade de Rosso fazer campanha nas ruas com ela, nos poucos dias que faltam para o primeiro turno. ;Só o fato de ele vir a minha casa fazer esse ato já vai ajudar a crescer o meu nome. Não precisa ir para a rua, até porque ele tem as atribuições dele.; A candidata não quis comentar a presença de Rosso em um eventual governo seu. ;Agora não é o momento. Vamos ganhar primeiro;, disse. Joaquim Roriz, por sua vez, classificou o dia de ontem como ;histórico;. ;Meu coração de um lado está sangrando e do outro está feliz. Primeiro porque eu tenho a companheira de 50 anos para ficar no meu lugar, e agora com esse apoio. Tenho profunda admiração pelo governador Rosso.;

O número: Faltam 6 dias para o 1; turno