A presidenciável Dilma Rousseff (PT) programou fazer campanha na última semana antes do primeiro turno em dois dos maiores colégios eleitorais do país: um ato tratado pelos petistas como um supercomício, em São Paulo, na segunda, e uma caminhada no Rio de Janeiro, na sexta-feira. Vendendo que o voto em Dilma está cristalizado e o principal adversário, José Serra (PSDB), desesperado, a campanha se descola do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fará incursões em Salvador e em Aracaju para inflar os aliados, mirando a reeleição em primeiro turno dos governadores Marcelo Déda (PT-SE) e Jaques Wagner (PT-BA), além de senadores governistas.
Na Bahia, a carga é voltada para derrotar o senador César Borges (PR), que, apesar de ser de um partido aliado, é cria política do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto em 2002. Lula quer eleger Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PCdoB). Em Sergipe, o presidente mobiliza sua popularidade contra o candidato do PSDB ao Senado, Albano Franco, e em prol de Antônio Carlos Valadares (PSB) e Eduardo Amorim (PSC).
Enquanto o presidente faz um último mergulho sozinho para ajudar os ;companheiros; nos estados, Dilma se prepara para o debate promovido pela TV Globo, na quinta-feira. A única brecha na agenda é a terça-feira, ainda sem programação divulgada. A campanha tenta minimizar a importância da última refrega eleitoral às vésperas do primeiro turno, rejeitando a tese de que o confronto direto com José Serra e Marina Silva (PV) possa ter reflexo na votação.
;A Dilma está indo bem nos debates e a postura de ter todos contra ela é normal. O Serra adoraria ter todos contra ele, porque significaria que ele estaria na frente. A Marina também gostaria de ter todos contra ela;, ironizou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), assessor jurídico da campanha presidencial.
O chefe de gabinete do presidente Lula e consultor informal de Dilma, Gilberto Carvalho, disse que o eleitor de Dilma não muda mais o voto, independentemente dos escândalos(1) das últimas semana ; a demissão da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil e a quebra de sigilo na Receita Federal. ;A Dilma está cristalizada na faixa dos 50%. O voto nela está consolidado. O povo sabe que ela representa a continuidade, esse projeto do Lula que olhou para o povo e que deu certo;, afirmou.
1 - Segundo turno
A cúpula da campanha petista admite que o escândalo envolvendo a demissão de Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência, teve impacto negativo entre eleitores de Dilma. As pesquisas internas mostram que a maior repercussão ocorreu no grupo considerado formador de opinião, com os maiores níveis de escolaridade e de renda. Esse movimento tem beneficiado Marina Silva (PV), mas até agora numa proporção, segundo os petistas, incapaz de alterar o atual cenário eleitoral. Independentemente disso, há maior cautela em relação à possibilidade de vitória antecipada. Antes expressão proibida, segundo turno passou a permear o vocabulário da campanha. Segundo Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, se houvesse uma antecipação do crescimento de Marina Silva, haveria possibilidade de segundo turno. ;Se esse movimento tivesse começado há um mês, talvez isso fosse possível.;
A Dilma está indo bem nos debates e a postura de ter todos contra ela é normal. O Serra adoraria ter todos contra ele, porque significaria que ele estaria na frente;
José Eduardo Cardozo, deputado do PT-SP
Dilma: governo nunca concordou com nepotismo
O episódio que revelou a existência de tráfico de influência na Casa Civil e culminou com a demissão da ex-ministra Erenice Guerra ;que foi o braço direito de Dilma Rousseff quando a presidenciável petista chefiava a pasta ; ainda não foi esquecido pela presidenciável do PT. Ontem, em conversa com jornalistas, em Porto Alegre, antes de participar de um comício ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma afirmou que Lula não fez avaliações sobre o suposto esquema de corrupção no ministério, mas sobre a contratação de parentes para cargos públicos.
;O presidente está fazendo uma avaliação não sobre qualquer avaliação de corrupção, mas sobre uma questão com a qual não concordamos, que é a contratação de parentes e amigos;, disse
Dilma, referindo-se às declarações de Lula na quinta-feira. Na ocasião, o presidente afirmou que Erenice ;jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país;.