Pela militância no partido que ajudou a fundar, Antônio Carlos de Andrade ficou conhecido como Toninho do PT. Mas o candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PSol hoje se coloca como adversário da legenda que o alçou à vida pública. Em meio aos escândalos do mensalão petista no âmbito federal, Toninho tornou-se um crítico dos então companheiros, abandonou a sigla e lançou-se com outros colegas à experiência de montar uma agremiação. Pouco tempo depois, virou o Toninho do PSol.
Tão logo o partido foi estruturado, um ano antes das eleições de 2006, ele enfrentou o teste das urnas concorrendo ao GDF. Conseguiu 55.898 votos, menos de 4% da preferência do eleitorado da capital. Quatro anos mais tarde, Toninho ressurge com um discurso semelhante ao do pleito passado, pautado na ética e na moralidade, plataformas que atualizou com uma pitada de intolerância aos grupos com quem disputa o poder. Justamente para marcar o perfil de oposição aos diversos concorrentes, o PSol optou pela campanha solo. O partido não se coligou com nenhuma outra legenda.
Aos 57 anos, Toninho teve duas experiências em gestão pública ; foi secretário de Administração do GDF e administrador de Brasília no governo de Cristovam Buarque ;, mas nunca ocupou cargos eletivos. No programa eleitoral na tevê, o candidato do PSol cita a atuação em cargos do Executivo, mas evita fazer menção ao governo do PT. Durante a passagem pela secretaria, ele demitiu todos os servidores ligados à gestão anterior, mesmo aqueles com perfil técnico e priorizou as nomeações políticas. As subsecretarias foram ocupadas por petistas, de quem, naquele período, ele era aliado.
Psicólogo concursado do Ministério da Saúde com especialização em ciência política, Toninho é casado com a médica Maria José Maninha, ex-deputada federal e distrital, que nestas eleições concorre a uma vaga na Câmara Legislativa. A campanha de Toninho tem como uma das metas alavancar a candidatura das mulheres, com quem tem intensa parceria política. Em todos os programas eleitorais, Maninha tem papel de protagonista.
Toninho é nascido em Barão de Monte Alto, na Zona da Mata de Minas Gerais. Morou em São Gonçalo (RJ) e chegou em Brasília na década de 1980, quando se familiarizou com a tendência Força Socialista do PT. Foi na militância partidária que conheceu Maninha, há mais de 20 anos.
Atualmente, trabalha no gabinete do senador paraense José Nery, que é filiado ao PSol. No primeiro mandato do governo Lula, foi indicado para ocupar a Diretoria Executiva da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Deixou o cargo depois que o governo e o PT apoiaram a aprovação da reforma da Previdência, que passou a taxar os salários de aposentados. Esse episódio foi o início da separação de Toninho com o partido que ajudou a construir.