>> Adriana Bernardes
>> Renata Mariz
>> Lilian Tahan
Os ataques dirigidos a Agnelo Queiroz (PT), líder nas pesquisas de intenção de votos para o governo do Distrito Federal, marcaram o terceiro bloco do debate. Na parte destinada às perguntas entre os candidatos, os concorrentes Joaquim Roriz (PSC) e Toninho do PSol bombardearam o petista. A estratégia gerou quatro pedidos de direito de resposta, dois deles concedidos para Agnelo e um para Toninho ; esse último teve um solicitação negada.
A primeira farpa partiu de Roriz. Ele questionou Toninho sobre o uso de determinados termos durante os debates eleitorais. ;O senhor vem afirmando que o candidato do PT está cercado de traidores. O senhor poderia explicar melhor?;, questionou Roriz. Toninho criticou a aliança do PT com o PMDB, mas alfinetou o ex-governador. ;Eu acho que esses políticos que integram a coligação do Agnelo e outrora eram da sua base de sustentação têm de prestar contas à sociedade;.
[SAIBAMAIS]Isso bastou para que Agnelo pedisse o primeiro direito de resposta do programa, concedido ao petista. ;Primeiro, o candidato impugnado faz um ataque quando faz uma pergunta para o candidato Toninho. E o Toninho, obviamente, responde e é muito elogiado pelo candidato impugnado. O Toninho me conhece muito bem. Hoje, conhecido como Toninho do PSol, foi do PT e espero que ele não sirva como linha auxiliar da direita do Distrito Federal;, afirmou Agnelo.
Enquanto Agnelo, Toninho e Roriz se atacavam, Eduardo Brandão (PV) lamentou as discussões sobre quem é ficha limpa ou suja. O clima voltou a esquentar quando Toninho do PSol, aproveitando o tempo para perguntar a Roriz, acusou Agnelo de ter ido à casa do ex-governador para dialogar. Agnelo, mais uma vez, obteve direito de resposta e atacou. ;É deselegante e pouco honesto aproveitar uma pergunta para atacar. Eu, como político da cidade, converso com qualquer outro político, de qualquer cor e de qualquer partido. E isso preserva a minha independência;, argumentou.
Toninho do Psol pediu imediatamente direito de resposta. Ao se defender, aproveitou para responder à provocação de Agnelo de que ele estaria a serviço da direita. ;Eu quero destacar que eu e o ex-governador Roriz somos como água e óleo: não se misturam. Respeito todos os candidatos e pouco honesto e deselegante é fazer esse tipo de insinuação a um companheiro que você conhece há décadas como militante socialista, de esquerda, ético e honesto;, reclamou o candidato do PSol.
Denúncias
Todos os candidatos tiveram de justificar denúncias em suas trajetórias, lembradas em perguntas de jornalistas do Correio. A primeira questão foi endereçada, por meio de sorteio, a Joaquim Roriz. A impugnação do ex-governador, bem como o reflexo desse impedimento nas pesquisas de opinião, foram o tema central da questão formulada ao político, também questionado se não teme encerrar a carreira política com uma derrota nas ruas.
Roriz negou que tenha esse sentimento. ;Tenho certeza de que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá que tenho direito de ser candidato;, disse o ex-governador. Ele comentou ainda que confia no STF como guardião da Constituição do país e reiterou que está na disputa pelo governo do DF.
Em seguida, foi a vez de Agnelo Queiroz responder ao fato de ter tido envolvimento em denúncias de desvios de dinheiro público do Programa Segundo Tempo na época em que estava à frente do Ministério do Esporte. O petista frisou que as denúncias nunca se transformaram em ações judiciais e que suas contas foram aprovadas pelos tribunais. ;Isso é um ato de desespero de quem está perdendo.;
Eduardo Brandão teve de se explicar quanto a uma condenação colegiada por falência fraudulenta de uma empresa familiar, crime que só não o incluiu na Lei da Ficha Limpa porque prescreveu. Brandão admitiu que, naquela época, não teria condições de governar a capital do país, mas atribuiu a falência de sua empresa de energia solar à falta de políticas públicas para o setor.
Cara a cara
Divergências na saúde e no meio ambiente
Meio ambiente e saúde foram dois assuntos importantes levantados no bloco de perguntas diretas entre os candidatos. Ao ser questionado por Agnelo Queiroz (PT) sobre as ações para melhorar o atendimento aos doentes no DF, Eduardo Brandão destacou a necessidade de ampliar as ações primárias e preventivas, dentro do programa Saúde da Família, hoje com uma cobertura de 11% na cidade. O candidato do PV também defendeu um cartão individual, com chip, que traria todo o prontuário de cada paciente da rede pública. Além de apresentar suas propostas, Brandão provocou Agnelo pedindo ao petista que, caso eleito, não nomeie para a Secretaria de Saúde ninguém que já passou pelo setor. ;São grupos que hoje fazem parte da sua gestão;, ressaltou Brandão.
Agnelo afirmou que a questão será sua prioridade. ;São 11 anos de destruição da saúde pública. Além de melhorar o atendimento, precisamos acabar com a gestão perdulária;, disse o candidato do PT. Em referência ao meio ambiente, a grande discussão ficou em torno do destino da área onde fica o Catetinho. Toninho do PSol perguntou a Joaquim Roriz sobre o intuito, declarado publicamente, de transformar o local em bairro habitacional e setor de hospitais e clínicas. O candidato do PSC respondeu que o projeto é apenas uma ideia. ;Eu não sou o dono da verdade. Estou levantando apenas um problema da cidade, que é a saúde. Mas isso não quer dizer que precisa ser lá;, defendeu-se Roriz. Toninho sugeriu que o lugar se transforme em um parque, com preservação das nascentes e local de lazer para a população.