Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Lula afirma que DEM tem de ser 'extirpado da política'

Segundo o presidente, partido de oposição alimenta ódio e significa atraso. Legenda rival vê "desequilíbrio"

O principal compromisso de campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ontem, em Joinville, foi marcado por críticas contundentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao DEM. Em comício de apoio à ex-ministra da Casa Civil e aos candidatos do PT no estado, Lula defendeu que o partido de oposição fosse ;extirpado; da política nacional. ;Eu não quero crer que esse povo extraordinário de Santa Catarina vá pensar em colocar no governo alguém de um partido que alimenta ódio, que entrou na Justiça para acabar com o ProUni, como o DEM entrou;, disse Lula.

Na disputa pelo governo catarinense, o candidato do DEM é Raimundo Colombo, que nas últimas sondagem eleitorais aparece com 34% das intenções de voto, à frente de Ângela Amin, do PP, que soma 27%, e de Ideli Salvatti, concorrente petista, com 15%. Colombo tem o respaldo do PSDB e do PMDB, este último um partido que nacionalmente é aliado de Lula. Em 2006, o PT apoiou Luiz Henrique, do PMDB, que venceu e agora disputa uma vaga no Senado. ;Quando Luiz Henrique foi eleito, pensei que ele ia mudar, mas ele trouxe de volta o DEM, que precisamos extirpar da política brasileira;, afirmou Lula.

O presidente também voltou as baterias para a família Bornhausen, do deputado federal Paulo Bornhausen (DEM-SC) e do ex-presidente nacional do partido Jorge Bornhausen. ;Sabemos que os Bornhausen não podem vir disfarçados de carneiros, porque sabemos quem são eles, já conhecemos as histórias deles;, disse o presidente.

;Lula, depois do almoço, fala qualquer coisa. Ele veio aqui para botar uma pá de cal na candidatura da Ideli Salvatti. O povo catarinense sabe que ele veio inaugurar obras fictícias, burlar a lei e usar a máquina;, rebateu o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC). ;Em Criciúma, ele prometeu em 2002 uma obra que só ficará pronta em 2015. Em Itajaí, fez meio cais de porto que só funcionará em dezembro. Em Florianópolis, veio ;inaugurar; o estudo de viabilidade de duplicação do acesso à cidade. E à noite, fica falando essas coisas. Pela fala dele, fez um almoço festivo;, ironizou.

Elogios à ação da PF
Edson Luiz

A Polícia Federal começou a analisar centenas de documentos e computadores apreendidos em vários órgãos públicos no Amapá para verificar a extensão dos desvios de recursos públicos no estado. O material foi recolhido durante a Operação Mãos Limpas, desencadeada na sexta-feira pela PF, e que resultou na prisão do governador Pedro Paulo Dias de Carvalho (PP), do ex-governador e candidato ao Senado Waldez de Góes, além de outras autoridades. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o caso pela primeira vez. Os dois políticos são apoiados por Lula, que chegou a fazer um depoimento em favor de Pedro Paulo e de Góes.

Lula aproveitou o pronunciamento que fazia em Criciúma (SC) sobre a paralisação de obras por via judicial para falar sobre as prisões, ocorridas na semana passada. ;Quando tem roubo a gente pega;, disse Lula à plateia, sem citar os nomes dos presos. ;Vocês viram o que aconteceu agora no Amapá;, completou o presidente. Uma semana antes de ocorrer a Operação Mãos Limpas, que resultou em 18 prisões, Lula chegou a gravar uma peça para a propaganda eleitoral dos dois candidatos que já estava sendo usada.

Ontem, porém, ele afirmou que existe apenas uma forma de não ser preso no Brasil: ;Se for bandido, a gente descobrindo, a gente pega;, reafirmou. Pedro Paulo permanece preso na Superintendência da Polícia Federal no DF. Góes está na ala federal da Papuda, onde outras 16 pessoas estão detidas por meio de prisão temporária, válida até a noite de hoje.

A PF passou o dia analisando as apreensões e realizando cruzamento com os depoimentos tomados desde sexta-feira. Entre os materiais encontrados estariam vídeos com pagamentos de propina, mas a Polícia Federal não confirmou quem seriam os envolvidos.