Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Lula pede votos para Agnelo, no DF, e fala em dobradinha com Dilma

Durante comício em Valparaíso, diante de pelo menos 15 mil pessoas, presidente entra de vez na campanha eleitoral local


Ricardo Taffner
Lucas Tolentino
Lilian Tahan

O candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PT, Agnelo Queiroz, se comprometeu ontem a fechar uma parceria com as cidades do Entorno caso seja eleito em outubro. Os avalistas da promessa do concorrente petista ao Buriti foram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a postulante do partido ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Na noite de ontem, Lula apareceu pela primeira vez em um compromisso de campanha de Agnelo, um comício na cidade goiana de Valparaíso, a 35 quilômetros da capital. O evento durou 1 hora e 25 minutos.

As carências do Entorno foram tema do discurso de Lula e de todos os candidatos que se apresentavam a uma plateia de 15 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar de Goiás. A presidenciável Dilma Rousseff citou as condições precárias do transporte e da saúde enfrentadas pela população que mora nas cercanias da capital da República. E propôs a união entre governo federal, DF e Goiás para mudar a situação: ;É impossível que não haja transporte bom e barato e ao mesmo tempo se tenham aqui hospitais fechados. Deixar um hospital fechar é uma confissão de incompetência. É impossível tratar essas questões se não for conjuntamente;, disse a candidata, que lidera as intenções de voto para substituir Lula (leia mais na página 24).

Antes dela, Agnelo havia destacado que o Brasil vive um momento mágico, mas que o Entorno estava excluído das melhorias sentidas em outras regiões do país. Assim como Dilma, o petista falou em parceria com Goiás para resolver os problemas das cidades vizinhas ao Distrito Federal. Dirigindo-se a Íris Rezende, candidato ao governo goiano pelo PMDB, Agnelo falou em uma dobradinha. ;Com a saúde pública e transporte unificados;, prometeu.

Em seu discurso, Agnelo aproveitou para alfinetar Joaquim Roriz (PSC), seu principal oponente. Disse à plateia que nenhum dos dois candidatos ao Senado pela coligação que lidera renunciará ;de vergonha durante o mandato;. Alusão clara à situação do ex-governador, que foi obrigado a desistir do cargo em 2007 para evitar processo de cassação.

O vice de Agnelo, Tadeu Filippelli (PMDB), esteve todo o tempo ao lado do petista, mas o nome do peemedebista não foi anunciado ao microfone. Ele foi o único candidado de chapa majoritária que não falou. O vice de Íris Rezende, Marcelo Melo, abriu o comício. Michel Temer, candidato a substituto de Dilma, também fez discurso.

Cabo eleitoral
Lula foi o último a discursar e quando falou fez um balanço sobre o desempenho de Agnelo. ;Ele assumiu a candidatura ao governo de forma despretensiosa, quando ainda não tinha muita chance de vencer. Foi tirando um, foi tirando outro. Fez igual ao Corinthians contra o Goiás, e agora está em primeiro;, avaliou.

O presidente ainda tocou no assunto da crise política vivida no Distrito Federal: ;Duvido que Brasília tenha recebido dos governos anteriores metade do dinheiro que recebeu no meu governo. Infelizmente, a pouca vergonha tomou conta e o dinheiro foi embolsado em vez de ir para as obras;.

Lula tornou-se uma estrela da campanha de Agnelo. O presidente gravou depoimentos a favor da eleição do candidato petista para o programa de rádio e TV. As primeiras aparições do presidente da República foram mais genéricas, usadas não só no DF, mas em outros estados em que o PT disputa o governo. Nos últimos dias, no entanto, as mensagens estão mais específicas. Lula chama Agnelo de amigo, lembra o período em que o candidato trabalhou como ministro do Esporte de seu governo e pede votos para o petista.

No último domingo, reportagem do Correio revelou que as eleições do Distrito Federal vão ganhar um reforço de 47,4 mil eleitores que transferiram seus títulos do Entorno para a capital federal. Um contingente de apoiadores disputado pelos concorrentes ao Palácio do Buriti. A escolha de uma cidade do Entorno para o comício de ontem não foi por acaso. A localidade é estratégica tanto para Agnelo ; que quer melhorar a performance nos arredores de Brasília, reduto onde o adversário Joaquim Roriz transita com desenvoltura ; como para Dilma Rousseff, que discursou em um ponto no meio do caminho entre o DF e Goiás.














Fala, eleitor!

Agnelo, sem influência
Lindomar Paulino, 40 anos, securitário, foi ao comício para conhecer as propostas dos candidatos. ;O governo Lula não foi 100%, mas foi melhor do que os outros. Podem fazer mais pela saúde, pela educação e pela segurança. Coisas básicas que todos prometem, mas não fazem;, afirmou. Lindomar mudou-se há três anos do Cruzeiro para o Valparaíso, mas não transferiu o título e votará no DF. ;No DF, voto no Agnelo, porque, por eliminação, não sobra mais ninguém que possa fazer alguma coisa.;













Time do Lula
A nutricionista Adriene Andrade Queiroz, 25 anos, foi prestigiar o comício em companhia de amigos. Os votos do grupo estão todos certos no ;time do Lula;. ;Quero que continuem seguindo a política do presidente;, afirmou ela, que saiu de Taguatinga Sul às 17h e encontrou-se com Maria Madalena Oliveira, 46, e Joanes Oliveira, 25, mãe e filho, para seguir para o Céu Azul. ;Viemos fazer volume;, disse Joanes.

















Voto no rival Roriz
O ambulante Ciro Gonçalves, 54 anos, chegou às 16h para montar uma carrocinha de sanduíche. ;Vim aproveitar para ver o Lula e vender ao mesmo tempo;, afirmou. Ele nasceu em Planaltina (GO), mas há 16 anos mora em Samambaia. ;Lula é o melhor presidente que eu conheci. Por isso, vou apostar todas as minhas fichas na candidata dele.; Já na eleição para o Buriti, Gonçalves não se deixa influenciar por Lula. Por enquanto, prefere votar em Joaquim Roriz (PSC).


















A Dilma é do Lula
Gisele Souza Silva, 23 anos, votará nas próximas eleições só para presidente da República. Baiana de Santa Rita de Cássia, foi de férias ao Entorno há dois anos para visitar os tios, gostou do que viu e voltou ao Céu Azul para morar. ;Aqui tem muito mais oportunidade do que na Bahia;, disse ela, que já arrumou emprego de secretária. Como não transferiu o título, só poderá votar para presidente. ;Escolhi a Dilma por causa do Lula, mas ela precisa olhar pela saúde no Entorno, que vai de mal a pior.;