Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Apoio de políticos nacionais pode ser decisivo nas urnas no DF

Pesquisa mostra que, na hora de votar para governador, 30% dos brasilienses levam em conta a indicação feita por lideranças políticas nacionais. Em um placar apertado, essa tendência pode fazer a diferença

Três em cada 10 brasilienses afirmam escolher o voto para governador do Distrito Federal de acordo com o político que o apoiar. O índice pode ser fundamental em uma disputa acirrada como normalmente ocorre no DF, onde diferenças de poucos milhares de votos decidiram pelo menos duas eleições. Pesquisa do Instituto CB Data realizada com 1,1 mil eleitores, entre 29 e 31 de agosto, aponta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata dele à sucessão, Dilma Rousseff (PT), como significativos cabos eleitorais em Brasília. José Serra (PSDB) tem baixa influência entre o eleitorado.

Entre os entrevistados, 26% disseram ter vontade de votar no candidato a governador apoiado por Lula, e outros 22% no indicado por Dilma. Na contramão, apenas 6% deixariam de considerar o voto devido ao apoio do presidente, e 7% por conta da presidenciável. O beneficiário direto dos dois é o postulante do PT ao Palácio do Buriti, Agnelo Queiroz. O ex-ministro do Esporte tem aproveitado a vantagem para colar na imagem dos apoiadores. Além de terem gravado para o programa eleitoral de Agnelo, Lula e Dilma participarão de comício nesta segunda-feira, em Valparaíso, ao lado do candidato.

Serra altera a vontade do mesmo número de eleitores a favor ou contra quem apoiar, sempre 12%. Ou seja, para cada voto que conquistar para o candidato, ele pode tirar outro. O tucano é da mesma coligação do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), mas os dois têm mantido a distância nas campanhas e ainda não apareceram ao lado um do outro. Entretanto, para a maioria dos brasilienses, é indiferente saber o apoio de cada político. Seis em cada 10 votantes não aumentam nem perdem a vontade de votar em certo candidato se ele for apoiado por Lula, Dilma ou Serra. ;Esse índice é mais alto do que em outras regiões do país e se deve pelo maior grau de escolaridade e de renda no DF, que torna o eleitor mais confiante no próprio voto;, explica o coordenador da pesquisa, Adriano Cerqueira.

Segundo o coordenador, mesmo o baixo poder de transferência dos caciques nacionais pode ser decisivo nas próximas eleições. ;Quando a briga está voto a voto, qualquer apoio é importante;, diz Cerqueira. O ex-governador e o PT conhecem bem as disputas apertadas. Em 2002, Roriz venceu o então candidato petista, Geraldo Magela, por uma diferença de 15 mil votos. Na eleição anterior, em 1998, ele conquistou 36 mil votos a mais do que Cristovam Buarque, hoje no PDT.

Um ponto a favor de Agnelo, afirma o coordenador, é o índice de preferência partidária observado. Entre os pesquisados, 22% disseram simpatizar com o Partido dos Trabalhadores. Em segundo lugar, aparece o PMDB, com 5% ; que faz parte da coligação do ex-ministro. ;É um diferencial que pode ajudar na reta final, devido ao grau de mobilização existente no grupo;, avalia o coordenador. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) com a inscrição n; 28640/2010 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 27326/2010.

Propaganda na TV
A maioria dos eleitores diz acompanhar o horário político na televisão e nos rádios. A pesquisa aponta que 53% procuram se informar sobre os candidatos, enquanto 43% ainda não assistem à propaganda eleitoral. A maioria, 93%, vê os programas dos candidatos pela televisão e apenas 5% as ouvem no rádio. Para 38%, Agnelo usa melhor o tempo do que os concorrentes, enquanto 37% preferem os programas de Roriz. O número de pessoas antenadas é considerado baixo pelo coordenador da pesquisa. Para ele, há muitos eleitores desinformados, que podem passar por dificuldades na hora de votar.

Uma das diferenças deste pleito é o voto em dois senadores. ;A maioria das pessoas não sabe disso e, ao perder os horários eleitorais, deixa de se atualizar sobre o que deve escolher;, avisa Adriano Cerqueira. Cada estado brasileiro tem três representantes no Senado Federal, com mandatos de oito anos. A cada eleição, apenas uma parte dos senadores é substituída. Assim, em um pleito os eleitores trocam dois parlamentares e, quatro anos depois, substituem o outro representante. Outra novidade é a necessidade de se apresentar dois documentos na hora da votar: o título de eleitor e um oficial com foto. Até a eleição passada, bastava um documento, mas a Lei n; 12.034/2009 passou a exigir o título. Quem o perdeu tem até o próximo dia 23 para providenciar a segunda via nos cartórios eleitorais.