São Paulo ; A poucos meses de terminar o segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao cenário onde iniciou a trajetória política, uma porta de fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A missão do ex-metalúrgico não foi como sindicalista ou presidente, mas como cabo eleitoral de Dilma Rousseff (PT), a quem pretende eleger a primeira ;presidenta; do Brasil.
Para burlar a legislação eleitoral, que proíbe aparições ao lado da candidata em horário de trabalho, Lula madrugou. Chegou às 5h30 à entrada da Mercedes-Benz, a tempo de pegar a troca de turno dos funcionários. Os companheiros responderam à altura: cerca de 6 mil pessoas lotaram a frente da fábrica.
;Aqui, Dilma, cada um dos companheiros tem uma lealdade extraordinária. Na hora de cobrar, cobram da gente, mas na hora de ajudar, são os primeiros. Estou feliz de estar aqui às 5h com a nossa presidenta. Digo nossa presidenta porque tenho a convicção de que, se Deus está conosco, quem está contra?;, discursou.
Em tom nostálgico, Lula fez questão de cumprimentar os companheiros sindicalistas, amigos da época em que trabalhava no ;chão de fábrica;, e contou histórias sobre o passado de militância. ;Era muito importante que a Dilma viesse pegar um pouco de energia aqui na porta de uma fábrica onde tudo começou.;
O presidente minimizou os resultados das pesquisas que colocam a candidata cada vez mais à frente nas intenções de voto e chamou a ;afilhada; para um compromisso. ;Quanto mais as pesquisas ficam favoráveis, mais a gente tem de assumir responsabilidades. Ficar achando que vai ganhar só com pesquisas não é boa ideia.;
Dilma seguiu à risca a etiqueta de discípula. Ouviu mais que falou e, em sua fala, endossou as palavras de Lula. ;Vim aqui para assumir com vocês um compromisso. Os governos têm que ter lado. E o nosso tem um só. É o do crescimento econômico com emprego.; O discurso, aplaudido, foi seguido por promessas de valorização do salário mínimo e da educação.
Patrão
Lula e Dilma estavam acompanhados dos candidatos ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante (PT) e ao Senado Marta Suplicy (PT-SP), dos deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), coordenadores da campanha da candidata, e de integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ao fim do comício, os dois entraram na fábrica e, acompanhados de comitiva, distribuíram material de campanha e posaram para fotos. O corpo a corpo foi seguido de café da manhã com os funcionários e (desta vez) também com representantes da direção da fábrica.
FILMAGEM CAPRICHADA
A equipe de João Santana, responsável pelo marketing da campanha petista, valorizou as cenas da visita à fábrica da Mercedes e ao local onde o presidente Lula aprendeu a profissão de torneiro mecânico. Apesar de sempre acompanhar Dilma Rousseff nos eventos, Santana determinou capricho na captação das imagens de ontem, destacando cinegrafistas especiais, que se responsabilizaram pelas câmeras cinematográficas de última geração que adquiriu para a campanha e produtoras. Depois dos compromissos oficiais, Dilma gravou mais cenas para seu programa eleitoral.