Dad Squarisi
;Programa eleitoral é tudo igual;, diz o povo sabido. A gente vê um, lembra-se dos passados e parte pra outra. O desfile de salvadores da pátria virou chavão. O dissílabo tem sinônimos. Um é lugar-comum. Outro, clichê. Alguns dizem ladainha. Também vale estribilho. Às vezes falatório. Ou bordão. Que tal nhe-nhe-nhem? Ou blá-blá-blá? A moçada lhe dá um nome ; propaganda eleitoral. Ou discurso de político.
Na origem, chavão tem dois significados. É chave grande ou molde de metal. Serve pra imprimir adornos em massas ou marcar o gado. Tem a ver com repetição. Num sentido mais amplo, é o que se faz, se diz ou se escreve por costume. Sem esforço, do mesmo jeitinho, como tirado de um molde. Exemplos? Há montões. A redação oficial é um deles. O funcionário só muda o nome e o assunto. A fórmula está pronta. Basta copiar e adaptar aqui e ali.
Quer lugar mais comum que sorriso de candidato? Alguém já viu postulante a presidente, governador, senador, deputado & cia. louquinho pelo poder de cara amarrada? Nem pensar. O povo que aparece na telinha não fica atrás. Parece viver no paraíso. O discurso completa o clichê. Nele aparecem três marcas. Uma: recorrer a palavras mágicas. Entre elas, emprego, saúde, família, prosperidade, ética. Outra: destacar uma só preocupação ; o povo. A última: revelar super-homens capazes de resolver os problemas. Como? Com a experiência deles e o nosso voto.
Que chato! Nada muda? Ops! Ontem, o do Serra mudou. Parecia Profissão Repórter. O tucano entrou pesado no crack. Mostrou a tragédia da droga, depoimentos deprimentes e, claro, apresentou soluções. Vendeu-se embalado na larga experiência de vida. Emocionou. A promessa veio depois: ;Se eu for presidente, vou mudar a situação;. Epa! Demonstrou insegurança. O se indica hipótese. Abre a possibilidade de ele não ostentar a faixa presidencial. Bobeira, não? Apostar na certeza faz parte do jogo. ;Quando eu for presidente, vou mudar a situação.; Melhor, não?