Os eleitores do Distrito Federal, depois de oito anos, voltam a escolher dois representantes ao Senado. São duas vagas a serem preenchidas na votação de outubro. Uma decisão importante que, agora, terá ajuda extra da urna eletrônica. O novo sistema obriga que apareçam na tela as fotos e os nomes dos suplentes ao Senado. Então, no momento da escolha para senador, serão divulgados três nomes e três fotos: do titular e do primeiro e do segundo substitutos. Dessa forma, o eleitor saberá bem o pacote que estará elegendo ao votar para aquela Casa Legislativa.
O eleitor da capital federal deve ficar mesmo atento na hora de votar ; no DF, tornou-se comum suplente de senador assumir a vaga do titular. Exemplos disso são Valmir Amaral, Adelmir Santana (DEM) e Gim Argello (PTB). O primeiro assumiu quando Luiz Estevão (PMDB) foi cassado devido às denúncias de desvio de dinheiro de obra pública em São Paulo (veja quadro). Santana ganhou a vaga de Paulo Octávio, quando este se tornou vice-governador em 2007. Argello pegou carona, no mesmo ano, na renúncia de Joaquim Roriz, pressionado pela denúncias da Operação Aquarela do Ministério Público.
O novo procedimento foi definido na reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no ano passado. Uma maneira de garantir mais transparência ao processo eleitoral, já que durante as campanhas são pouco divulgados os nomes dos suplentes ao Senado. Muita gente vota no candidato sem ter a menor ideia de quem são seus potenciais substitutos. ;A escolha hoje do suplente no Senado é antidemocrática. Do jeito que está, abre a porta para que o financiador de campanha, que é quem geralmente pega essa vaga, assuma um mandato sem precisar passar pelo crivo popular, sem um voto sequer;, alerta o cientista político e professor da UnB Leonardo Barreto.
Segundo ele, não faz sentido divulgar os nomes e as fotos dos suplentes ao Senado somente na urna eletrônica, no momento do voto. ;É preciso que a divulgação ocorra durante o período de propaganda eleitoral. O eleitor precisa ser esclarecido de que, ao votar num candidato ao Senado, ele está na prática votando numa chapa de três pessoas, formada pelo titular e pelos dois suplentes;, aponta Barreto.
Nessa eleição, também será obrigatória a presença das fotos dos candidatos a vice-governador e a vice-presidente da República. Antes, apareciam apenas os cabeças de chapa. Como o eleitor terá mais informações na tela para ler e checar, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) prepara uma campanha de instrução. O brasiliense poderá participar de simulação de voto em pontos da cidade, onde as urnas ficarão expostas, com orientação de técnicos do TRE. Os locais ainda serão divulgados.
Máquinas novas
Cerca de 90% das urnas eletrônicas do DF serão renovadas. São 5,5 mil equipamentos de última geração. A maioria das usadas até então tinha sido fabricada em 2002. Agora, foram trocados por modelos 2009. A principal diferença é a substituição dos disquetes por pen-drives, com 100 vezes mais capacidade. São mais seguros, menos frágeis e com maior espaço de armazenamento de dados.
As novas urnas já contam com a tecnologia de identificação biométrica (por impressão digital). No entanto, a inovação só valerá nas eleições de 2014. Por enquanto, o sistema de identificação usará o Título de Eleitor e a Carteira de Identidade. No item segurança, o equipamento terá uma luz específica para sinalizar que a urna está operando em caráter oficial. Se houver qualquer tentativa de violação, a luz se apaga indicando tentativa de fraude. ;Estamos com a Ferrari da Justiça eleitoral;, brinca o secretário de tecnologia da informação do TRE-DF, Ricardo Negrão.
Para agilizar o processo de envio de dados para a central de apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serão dobrados os pontos de transmissão no DF. De 60, passarão para cerca de 120. O TRE-DF também pretende inovar no envio de informações das zonas rurais. Em vez de transportar os pen-drives de volta para as áreas urbanas, repassará as informações apuradas de lá mesmo por meio de tecnologia 3G. Com essas mudanças, o TRE-DF espera ser o primeiro do país a encerrar a apuração nas eleições de outubro. ;Não será uma corrida maluca. Queremos ser os primeiros, mas sem abrir mão da segurança e da transparência;, afirma Ricardo Negrão. As urnas antigas custavam R$ 2,1 mil cada. As novas são mais baratas. Saíram por R$ 1,2 mil e foram compradas e distribuídas pelo TSE.
300 mil vão mudar de seção
Milhares de pessoas no Distrito Federal serão transferidas de ponto de votação. Diversas seções ultrapassaram a capacidade de eleitores e, por isso, o TRE terá de realizar um rezoneamento eleitoral. O excedente de eleitores atinge 96 locais de votação, que precisarão ser desmembrados. Com isso, estima-se que 300 mil brasilienses vão votar em um lugar diferente em outubro. O TRE-DF garante que, quando estiver concluído o remanejamento, serão divulgadas amplamente as mudanças, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
A capital federal tem hoje cerca 1,8 milhão de eleitores. O número aumentou em cerca de 200 mil desde a eleição de 2006. Também cresceu o eleitorado brasileiro que mora no exterior. Esse cadastro é de responsabilidade do TRE-DF. São aproximadamente 200 mil espalhados por 107 países. Urnas eletrônicas serão enviadas a esses locais por meio do Ministério das Relações Exteriores. Mas, nesse caso, só se pode votar para presidente da República.
Documento original
Nesta votação, será exigida a apresentação do documento original do Título de Eleitor e da Carteira de Identidade. Os dois juntos. Nas eleições passadas, era permitido à pessoa que comparecesse à seção votar sem o título, apenas com uma identificação. Agora, isso não será mais possível. Quem perdeu o documento deve pedir a segunda via no cartório eleitoral até setembro. Um exército de pessoas será convocado a trabalhar no pleito. A previsão é chamar de 27 mil mesários.
Quem já deixou a reserva