Após semanas de exposição na mídia, o presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, saiu dos holofotes ontem e as atenções se voltaram para seus auxiliares. Em seguida à conquista do segundo mandato, ganharam força as especulações sobre possíveis trocas no gabinete. A única saída dada como certa, por enquanto, é a da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que já falou abertamente sobre isso. Mas o episódio envolvendo o ataque ao Consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), que terminou com a morte do embaixador Chris Stevens, pode complicar a escolha de seu substituto.
O presidente não fez aparições públicas ontem e, segundo a imprensa americana, permaneceu na residência oficial, a Casa Branca, discutindo com assessores prováveis baixas no governo. O Wall Street Journal especulou que o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, poderá ser substituído pelo chefe de Pessoal da Casa Branca, Jacob Lew, ou pelo copresidente do painel de redução do deficit do governo, Erskine Bowles. Ainda segundo o jornal, qualquer um dos dois teria mais habilidade para negociar com o Congresso. O fator é essencial para ajudar o presidente a resolver seu primeiro desafio pós-eleição: o abismo fiscal norte-americano, que precisa ser evitado em meio a negociações com o Senado, onde os democratas têm maioria, e a Câmara dos Representantes, sob controle dos republicanos.
Hillary já antecipou que não participará do segundo mandato e deixará o posto em janeiro. A expectativa é de que ela saia como candidata democrata à Presidência em 2016, o que não conseguiu em 2008 por ter sido derrotada por Obama nas primárias. A secretária, porém, nega essas ambições. Mas para o cientista político John Barry Ryan, da Universidade Estadual da Flórida, Hillary deve mesmo sair candidata. ;Ela precisa reparar algumas relações prejudicadas em 2008 e começar a se organizar;, opinou. Segundo Ryan, no cargo de secretária de Estado, ela correria o risco de se ver envolvida em algum conflito internacional, o que não a ajudaria em nada em seus planos.
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Entre seus prováveis substitutos estão o senador democrata John Kerry e, principalmente, a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice. Ryan ponderou, entretanto, que as declarações de Rice no caso do atentado em Benghazi podem complicar sua escolha. Em 16 de setembro, cinco dias após o ataque, ela afirmou que a ação na Líbia não tinha sido ;organizada; e seria, na verdade, uma aglomeração ;espontânea; dos protestos contra o polêmico filme A inocência dos muçulmanos. A explicação contrariou a posição oficial de que se tratava de um ato de terrorismo. Outro que pode deixar o governo é o secretário de Defesa, Leon Panetta, mas não antes de 2013. Entre seus possíveis substitutos, segundo a agência France-Presse, estão a ex-número três do Pentágono, Michele Flournoy, e seu atual número dois, Ash Carter.