Washington - Barack Obama, 44; presidente dos Estados Unidos e primeiro negro, garantiu nesta terça-feira (7/11) seu lugar na história ao ser reeleito após quatro anos de um mandato difícil devido à situação econômica e após uma campanha muito disputada.
Apenas um democrata desde 1945 havia sido eleito duas vezes para a Presidência: Bill Clinton, em uma situação econômica muito melhor do que a atual, em que a taxa de desemprego nacional é de 7,9%. Nenhum presidente americano havia sido capaz de chegar à reeleição com um índice de desemprego de 7,2%. "Isto aconteceu graças a vocês. Obrigado", indicou Obama em um tuite após o anúncio de sua reeleição.
Barack Hussein Obama, filho de um queniano e de uma americana, foi lançado ao cenário político na convenção democrata de 2004, em Boston, com um discurso vibrante e apaixonado no qual expôs sua visão de uma política de consensos que seduziu o país.
Nascido no Havaí em 1961 e criado por alguns anos na Indonésia, foi por sete anos representante do empobrecido sul de Chicago no Senado de Illinois (norte). Em 2005, foi eleito para o Senado americano e, graças ao seu carisma e a sua eloquência, tornou-se o queridinho dos meios de comunicação.
Quatro anos mais tarde, coroou sua ascensão meteórica ao se instalar, aos 47 anos, na Casa Branca com sua esposa Michelle e com suas duas filhas, depois de ter derrotado nas primárias democratas a favorita Hillary Clinton e nas presidenciais o veterano republicano John McCain.
Ambiciosa reforma do sistema de saúde
Os Estados Unidos elegeram "a esperança acima do medo", disse Obama depois de prestar juramento no dia 20 de janeiro de 2009 diante de cerca de duas milhões de pessoas reunidas no centro de Washington. Neste mesmo ano, e talvez pelas expectativas geradas em todo o mundo, Obama foi premiado com o Nobel da Paz, um prêmio questionado por muitos e que deixou o próprio presidente pouco à vontade.
Mas o exercício do poder resultou ser, por vezes, frustrante para este advogado e professor de Direito Constitucional graduado em Harvard, sobretudo desde que a Câmara de Representantes foi conquistada no fim de 2010 pelos republicanos, defensores dos cortes de gastos sem aumento de impostos. Apesar disso, Obama ostenta um balanço respeitável, no qual pode ser incluída a reforma do sistema de saúde. Mas o desemprego continua sendo 2,8 pontos percentuais superior a antes da crise, enquanto a dívida do Estado federal aumentou em mais da metade desde 2009.
Embora tenha se convertido no primeiro presidente americano a apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e tenha colocado fim ao "tabu homossexual" no Exército, não alcançou uma reforma migratória neste país onde vivem mais de 11 milhões de ilegais, nem uma transição para as energias "verdes". Em política externa, Obama, que em 2002 ganhou notoriedade com um discurso contra a guerra no Iraque, cumpriu em 2011 com sua promessa de retirar os soldados americanos deste país. Em várias ocasiões, tentou estabelecer um diálogo com os muçulmanos, desafio não conquistado.
Em troca, no Afeganistão, por sua vez, triplicou em menos de um ano o contingente militar, em uma tentativa de relançar a luta contra a Al-Qaeda, um esforço que também perseguiu no Paquistão, onde obteve sua vitória mais importante: a eliminação de Osama Bin Laden em maio de 2011. Mas não conseguiu avançar no conflito entre israelenses e palestinos no contexto de uma "primavera árabe", que buscou encarar à distância, e de um aumento das tensões com o Irã por seu programa nuclear.
Se a chegada de um negro ao mais alto cargo da maior potência mundial, a 150 anos do fim da escravidão e a cinco décadas das lutas pelos direitos civis, foi classificada como um fato histórico, Obama se esforça para parecer uma pessoa comum. O presidente é visto frequentemente jogando golfe, bebendo uma cerveja ou passeando com seu cachorro Bo, e tem como questão de honra interromper sua jornada de trabalho para jantar com sua esposa Michelle e com suas filhas Malia, de 14 anos, e Sasha, de 11.