Paris - Os principais sócios dos Estados Unidos, cada um com suas prioridades, felicitaram calorosamente o presidente Barack Obama por sua reeleição, em particular a China, que pediu uma "cooperação construtiva", e Alemanha e França, que convocaram os Estados Unidos a agir com a Europa para colocar fim à crise econômica.
"Em uma nova época histórica, desejo que nossas relações bilaterais baseadas em uma cooperação construtiva entrem em uma nova etapa", declarou o presidente chinês, Hu Jintao, em uma mensagem conjunta com seu primeiro-ministro, Wen Jiabao. O porta-voz da diplomacia chinesa, Hong Lei, ressaltou durante a coletiva de imprensa diária os "avanços positivos" registrados nas relações entre Pequim e Washington durante o primeiro mandato de Obama. O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, se uniu ao conjunto dos elogios num momento em que Tóquio busca o apoio de seu aliado contra a China.
"Enviei a ele uma mensagem para parabenizá-lo por sua reeleição. Quero continuar cooperando com ele", declarou Noda aos jornalistas. A segurança militar do Japão depende, em grande medida, dos 47.000 soldados americanos mobilizados no arquipélago em virtude de um tratado de segurança assinado entre os dois países, mas a chegada do Partido Democrata do Japão (centro-esquerda) ao poder em Tóquio há três anos trouxe durante alguns meses um esfriamento das relações.
O presidente russo, Vladimir Putin, enviou um telegrama a Obama para felicitá-lo por uma reeleição que a presidência acolheu "muito positivamente", informou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov. "Esperamos o desenvolvimento de iniciativas positivas e a melhoria das relações bilaterais e a cooperação entre Rússia e Estados Unidos no plano internacional, em interesse da segurança e da estabilidade no mundo", acrescentou Peskov.
Na Europa, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, felicitaram "muito calorosamente" Barack Obama em suas respectivas mensagens, insistindo claramente na importância dos problemas econômicos que devem solucionar juntos. "Nestes últimos anos colaboramos estreita e amistosamente. Aprecio especialmente nossas numerosas negociações (...), em particular, para superar a crise econômica e financeira mundial", expressou a chanceler alemã. Hollande saudou a "escolha clara" dos americanos por um país "aberto e solidário, plenamente comprometido no cenário internacional e consciente dos desafios de nosso planeta: a paz, a economia e o meio ambiente".
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, também reagiram rapidamente a partir de suas respectivas contas no Twitter. Cameron, em visita à Jordânia, disse ao seu "amigo @Barack Obama" que estava ansioso para "seguir trabalhando juntos". "Há tantas coisas que precisamos fazer: precisamos dar um empurrão na economia mundial e gostaria de alcançar um acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia", acrescentou.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, também felicitou o presidente americano, ao transmitir a ele a "plena disposição do governo da Espanha para seguir fortalecendo e aprofundando nossa amizade e nossas relações bilaterais. No Canadá, outro aliado próximo, o primeiro-ministro conservador, Stephen Harper, e o líder do principal partido da oposição, Thomas Mulcair, rapidamente saudaram a reeleição de Obama contra o republicano Mitt Romney.
Em Israel, a reeleição de Obama também foi bem recebida. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, assegurou que a aliança com os Estados Unidos é "mais forte do que nunca". "vou continuar trabalhando com o presidente Obama para assegurar os interesses vitais da segurança dos Estados Unidos e de Israel", prometeu em um comunicado Netanyahu, cujas relações com o presidente americano eram tensas.
Já o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, expressou sua esperança de que Obama "mantenha seus esforços a favor do processo de paz". "Esperamos que seja estabelecido um Estado palestino durante o próximo mandato de Obama", declarou à AFP o negociador palestino Saeb Erakat.
Entre os países emergentes do sul, a presidente Dilma Rousseff felicitou Barack Obama por sua reeleição, na abertura da 15; Conferência Internacional contra a Corrupção, diante de centenas de representantes de movimentos sociais e governos. "Aproveito a oportunidade para felicitar o povo americano e o presidente Obama por sua eleição", disse Dilma. Já o presidente sul-africano, Jacob Zuma, felicitou seu homólogo americano e insistiu no importante papel dos Estados Unidos para o desenvolvimento do continente africano.
No entanto, a opinião não é unânime no mundo. Além de uma maioria de palestinos (51%), que, segundo uma pesquisa realizada em setembro, não esperam nada de uma vitória de Barack Obama sobre Mitt Romney, a reeleição do presidente americano só provocou gestos de indiferença, como foi comprovado, no Afeganistão, onde a população teme ver o país afundar ainda mais em uma guerra após a retirada das tropas ocidentais, prevista até o fim de 2014.